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Empresas brasileiras enfrentam desafios de talento em meio à adoção massiva da IA

Enquanto 94% das organizações já utilizam inteligência artificial, 57% admitem não ter expertise interna suficiente para extrair valor da tecnologia, aponta o Panorama de Dados 2025, da HubSpot.

A inteligência artificial (IA) já é uma realidade consolidada nas empresas brasileiras, mas a corrida por talentos especializados pode se tornar o novo gargalo da transformação digital. De acordo com o Panorama de Dados 2025, realizado pela HubSpot no Brasil, 94% das empresas já usam ou exploram IA, mas 57% reconhecem que não têm a expertise interna para aproveitar seu potencial.

O Panorama de Dados 2025, realizado em 29 de julho de 2025, é um estudo que analisa o cenário de gerenciamento de dados de clientes no Brasil a partir de entrevistas com 200 profissionais de liderança de empresas de diversos portes e setores.

O estudo mostra que o Brasil se destaca na adoção ativa de IA (46%), superando a média de outros mercados na América Latina (28%). No entanto, o avanço técnico ainda enfrenta barreiras culturais e operacionais: 69% dos entrevistados consideram as ferramentas de IA complexas demais, e 58% relatam resistência interna à mudança. “Não é um problema técnico, é cultural. A maturidade digital não vem de ter a ferramenta mais sofisticada, e sim de ter uma equipe que realmente consegue usá-la”, analisa Rakky Curvelo, gerente sênior de marketing da HubSpot Brasil.

A falta de especialistas também se reflete em gargalos operacionais: 68% das equipes gastam até cinco horas por semana apenas limpando ou transferindo dados entre sistemas, e 80% utilizam até cinco ferramentas diferentes para lidar com informações de clientes — um cenário que limita o uso estratégico da IA e a automação de processos.

O relatório aponta, ainda, que há um “custo invisível” da desconexão: 45% das empresas já perderam oportunidades de negócio por falhas na gestão de dados. Para a HubSpot, isso revela um paradoxo, no qual as organizações dispõem de infraestrutura avançada, mas ainda dependem de práticas manuais e dispersas, como planilhas e grupos de WhatsApp, utilizados por 81% dos colaboradores para gerir informações.

“Quando a IA é usada sobre dados fragmentados e processos desalinhados, seu impacto real é limitado. O desafio agora é transformar essa adoção massiva em resultados mensuráveis. Isso passa pela capacitação das equipes e pela integração dos sistemas”, afirma a executiva. O estudo conclui que o próximo passo da jornada digital brasileira depende menos da tecnologia em si e mais da capacidade das empresas de desenvolver talentos, reduzir barreiras culturais e alinhar processos em torno de dados confiáveis.

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