Fim de ano: confira o checklist que impulsionará a inovação em 2026

2026 será um ano marcado por volatilidade — com eventos como Copa do Mundo, eleições e transições regulatórias — o que exige atenção redobrada ao contexto na hora de investir em inovação. Confira as tendências devem guiar os investimentos no próximo ano.

No encerramento do ano, grande parte das empresas concentra-se no balanço financeiro e no orçamento para o próximo período. Mas, para quem busca vantagem competitiva real, o checklist de dezembro precisa ir além. Rodrigo Miranda, CEO da G.A.C Brasil, multinacional francesa de consultoria, afirma que o fim de ano exige que as organizações olhem para resultados, estratégia, execução e capacidade organizacional.

“E quando falamos de inovação, o balanço de fim de ano deve confrontar o que foi planejado com o que realmente gerou aprendizado e retorno coerente com o risco tecnológico assumido. Para isso, é preciso avaliar produtividade, digitalização, processos, governança, tecnologia e cultura, além de conferir se a empresa aproveitou integralmente os financiamentos, subvenções e incentivos fiscais à inovação, como a Lei do Bem”, complementa.

O especialista explica que, ao submeter projetos para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para se beneficiarem da Lei do Bem, incentivo que permite a dedução de gastos com P&D da base de cálculo do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), muitas organizações cometem quatro erros comuns: documentação técnica que não comprova avanço tecnológico ou método; registros sem rastreabilidade técnica ou contábil; ausência de governança clara e rotinas formais; e uma cultura de inovação restrita apenas ao P&D clássico, desconsiderando áreas como TI, automação, logística ou ciência de dados. “Com a elevação do nível de exigência por parte do MCTI, essas falhas reduzem significativamente o benefício capturado, comprometendo os resultados de inovação”, afirma Miranda.

Finalizando a revisão do que funcionou em 2025, é preciso transformar o aprendizado em um conjunto reduzido de prioridades para 2026. Planejar o próximo ano exige uma combinação de clareza de propósito, execução disciplinada e leitura precisa do contexto. Nesse sentido, é fundamental realizar um diagnóstico recorrente da sua capacidade de inovação, considerando a evolução da cultura, governança, processos e resultados, que orientará decisões para evoluir anualmente.

“E tem um fator adicional: 2026 e 2027 não podem ser planejados isoladamente. Ciclos de inovação, desenvolvimento tecnológico e captação de recursos, especialmente financiamentos públicos, começam muito antes do ano fiscal. É preciso preparar pipeline, parcerias e projetos estruturantes desde já”, diz Miranda.

O CEO alerta: na hora de construir os orçamentos e os projetos de P&D, três tendências devem guiar os investimentos em 2026:

  • Inteligência artificial aplicada ao core do negócio: IA deixou de ser uma ferramenta auxiliar e passou a ser elemento estruturante. Transforma modelos de operação, experiência do cliente, desenvolvimento de produto, segurança e performance.
  • Agenda ESG: passa a ser critério de acesso a mercados, contratos e financiamentos. Tecnologias limpas, rastreabilidade, economia circular e eficiência energética estarão no centro da estratégia.
  • Reposicionamento industrial e tecnológico do Brasil: a Nova Indústria Brasil (NIB) e mecanismos de fomento abrem espaço para projetos de alto impacto: digitalização avançada, manufatura inteligente, biotecnologia, deep techs, inovação aberta estruturada e P&D de fronteira.

Além disso, é importante considerar que 2026 será um ano marcado por volatilidade — com eventos como Copa do Mundo, eleições e transições regulatórias — o que exige atenção redobrada ao contexto na hora de investir em inovação. Empresas que alinham tecnologia, estratégia e fomento tendem a acelerar, enquanto abordagens isoladas ou oportunistas, como adotar IA por modismo ou forçar projetos na NIB sem coerência estratégica, comprometem resultados. Inovação só gera valor quando está conectada aos objetivos da empresa.

Para auxiliar nesse processo, Miranda elencou algumas dicas para as empresas que desejam iniciar novos projetos inovadores em 2026. Confira:

  1. Montar um orçamento com priorização real: evitar pulverização e escolher iniciativas estratégicas, que gerem vantagem competitiva e que possuem potencial de captação de recursos externa.
  2. Estruturar governança e equipe: definir responsáveis, rituais, indicadores, processos de documentação e integração entre áreas técnicas, financeiras e fiscais.
  3. Mapear e acessar fontes de recursos: o país vive um momento rico em incentivos fiscais, subvenções e financiamentos para inovações.
  4. Estruturar um pipeline de impacto: focar em projetos com maior risco tecnológico, impacto claro e alto potencial de transformação.

Com isso, Miranda concluiu que o segredo para resultados reais a partir da inovação é simples: priorizar os projetos certos, captar os recursos de forma estratégica e executar o planejamento com disciplina.

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