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Relatório da McKinsey revela tendências tecnológicas que devem dominar o próximo ano

Consultoria americana destaca ferramentas mais adotadas por empresas em 2025, como IA agêntica, computação de borda e tecnologia imersiva, e seus possíveis usos.

Na última edição do seu relatório anual de tendências, a consultoria de gestão McKinsey elegeu a inteligência artificial (IA) como a principal tecnologia com potencial para transformar a economia global nos próximos anos. Mas as previsões foram muito além, abrangendo desde semicondutores até headsets de realidade virtual.

Em meio ao otimismo sobre aplicações impactando diferentes indústrias, o estudo faz um alerta: a infraestrutura que sustenta o crescimento da IA começa a enfrentar desafios, como o aumento da demanda energética e vulnerabilidades nas redes de dados.

Data centers, por exemplo, precisarão ampliar sua capacidade de forma dramática, mais que triplicando até 2030, para atender à crescente demanda dos modelos de IA generativa. Há, no entanto, tecnologias que estão “impulsionando a inovação e enfrentando desafios críticos em diversos setores”, segundo o relatório.

Conheça algumas delas a seguir:

IA dá um passo adiante com novo modelo

Possibilitando que máquinas aprendam e realizem tarefas que antes exigiam inteligência humana, a IA é utilizada por 78% das empresas consultadas, sendo que 92% dos executivos planejam investir mais na tecnologia nos próximos três anos. Apesar disso, trata-se de uma tendência em estágio inicial, dado que apenas 1% dos líderes dizem que seus negócios estão totalmente maduros nessa implementação.

Entre avanços recentes, destacam-se a emergência de modelos menores, os progressos em IA multimodal e no raciocínio em múltiplos passos, além da aceleração no desenvolvimento de software.

O relatório da McKinsey ressalta ainda o crescimento da IA agêntica – sistemas autônomos que executam ações e tomam decisões de forma independente, com alta adaptabilidade a ambientes e eventos em mudança.

A tecnologia tornou-se "um dos principais focos de interesse e experimentação nas tecnologias voltadas a empresas e consumidores".

“Ela vem ganhando força à medida que as organizações exploram novas formas de automatizar fluxos de trabalho e delegar tarefas a ‘colegas virtuais’, em vez de apenas interagir com chatbots. O que diferencia a IA agentica é sua capacidade de agir no mundo em vez de simplesmente gerar respostas", resume o documento.

Exemplos disso são o OpenAI Operator, lançado em janeiro de 2025, que é capaz de executar de maneira autônoma diversas tarefas na web, como reservar voos e fazer encomendas, e o Gemini 2.5 Flash, do Google, que permite que desenvolvedores criem aplicações com recursos de automação de navegador (por exemplo, visitar sites, clicar em botões e digitar consultas).

Semicondutores, conectividade avançada e computação de borda

Os semicondutores de aplicação específica são chips projetados para tarefas determinadas, que oferecem maior poder de computação e melhor eficiência de custo do que as arquiteturas de uso geral, como CPUs.

A adoção desses semicondutores está fortemente relacionada à expansão do uso da IA em larga escala.

Esses recursos não se restringem às grandes companhias: muitas empresas em estágios iniciais e startups estão em fase de experimentação e testes de semicondutores, visando a necessidades específicas, como treinamento em larga escala de IA e otimização de inferência.

Já a conectividade avançada – que abrange um conjunto de tecnologias em evolução voltadas a aprimorar e expandir as redes de comunicação digital – continua se expandindo e transformando a experiência dos consumidores.

Essas ferramentas incluem fibra óptica, redes de longa distância e baixo consumo de energia (LPWAN, na sigla em inglês), redes celulares 5G e 6G, internet das coisas (IoT) e conectividade direta via satélite para dispositivos móveis.

Outra tendência citada pela McKinsey é o avanço da computação de borda e da computação em nuvem. A primeira processa dados o mais próximo possível da fonte ou do usuário final, enquanto a segunda envia dados para servidores remotos, geralmente em data centers.

“À medida que mais data centers são construídos, o aumento no consumo de energia necessário para operá-los vem se tornando um problema em regiões que tradicionalmente concentram esses complexos, como o norte da Virgínia e Santa Clara, nos Estados Unidos", afirma o relatório.

Assim, empresas estão treinando e implementando modelos de IA em locais variados, inclusive em ambientes de borda, a partir de uma abordagem distribuída que não apenas reduz gargalos computacionais, mas também aumenta a resiliência ao diminuir a dependência de uma infraestrutura centralizada.

Ao distribuir fluxos de trabalho de data centers para hubs regionais ou mesmo locais, é possível otimizar o desempenho, com atenção especial para latência, custos de transferência de dados, soberania e segurança da informação.

Tecnologia imersiva e cibersegurança

Tecnologias de realidade imersiva, que incluem a realidade aumentada e a realidade virtual, (aplicadas em óculos inteligentes, sistemas de feedback tátil, recursos para aprimorar o realismo de imagens, entre outros exemplos) continuam evoluindo.

Houve avanços como dispositivos vestíveis mais leves e acessíveis, melhorias nas interfaces táteis e integração com IA. Embora os setores de jogos e entretenimento ainda liderem em adoção e inovação, a realidade imersiva também vem sendo aplicada em marketing, prototipagem e simulações de cenários de alto risco, contribuindo para aprimorar o treinamento e a segurança, informa o relatório.

Nesse contexto, ganharam espaço significativo óculos inteligentes, enquanto headsets têm tido adoção mais lenta do que o esperado. “O interesse cresce em setores como saúde e bens de consumo, mas a expansão em larga escala ainda é limitada por problemas de usabilidade, altos custos e desigualdades regionais em infraestrutura e inovação”, avalia a McKinsey.

Outra tendência no universo corporativo é a adoção de tecnologias de cibersegurança para finalidades como verificação de identidade, proteção de dados, criptografia, detecção de ameaças e sistemas de confiança baseados em blockchain.

No entanto, as tecnologias de segurança de IA ainda estão em estágio inicial de testes, aponta o relatório, apesar da rápida expansão da IA generativa. Um número reduzido de organizações desenvolve soluções próprias de cibersegurança, enquanto a maioria depende de provedores para escalar suas operações.

“Mesmo quando a cibersegurança está totalmente implementada em uma organização, os avanços tecnológicos exigem que ela continue evoluindo continuamente", aconselha a McKinsey.

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