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Black Week: quando infraestrutura de TI vale mais que o desconto
Quando tudo funciona, parece natural. Quando falha, vira manchete. o sucesso das vendas durante os períodos de maior movimento depende de maturidade tecnológica. A infraestrutura moderna precisa ser invisível, mas nunca ausente.
A cada novembro, os holofotes se voltam para as vitrines, os descontos e o frisson das compras online. Mas o verdadeiro espetáculo da Black Friday e Ciber Monday acontece nos bastidores, longe dos olhos do consumidor, em data centers que não podem piscar, servidores que não podem falhar e redes que não podem vacilar. Quando o carrinho trava, a reputação de uma marca derrete em questão de segundos. E ninguém lembra que, por trás de cada clique, existe uma infraestrutura digital que trabalha como um organismo vivo, sustentando uma maratona de transações, acessos e picos de tráfego que dobram ou triplicam em horas.
É curioso como, no imaginário popular, a Black Friday é sinônimo de marketing, mas nunca de arquitetura de sistemas. Só que o que define quem lucra, e quem apaga incêndio, é justamente a camada que ninguém vê. Quando um e-commerce conhecido suporta milhões de acessos simultâneos sem cair, o que está em jogo não é apenas o poder computacional, mas o planejamento de capacidade, automação inteligente e observabilidade em tempo real. Tudo isso ancorado em um modelo de infraestrutura que precisa ser elástico o suficiente para crescer dez vezes num dia e voltar ao normal no seguinte, sem desperdiçar um centavo a mais do que o necessário.
Essa "elasticidade" tem nome e custo: nuvem. Mas não qualquer nuvem. É a combinação de arquitetura distribuída, FinOps, uma prática que une times de finanças, tecnologia e negócios para otimizar custos e valor da nuvem, e governança que separa os varejistas preparados dos que apenas esperam que tudo dê certo. O erro mais comum das empresas é tratar o ambiente de TI como um gasto fixo, quando ele é, na verdade, o principal fator de risco e vantagem competitiva durante a Black Friday. Uma API lenta, ou Application Programming Interface, o conjunto de normas que permite que diferentes sistemas “conversem” entre si, como entre uma loja virtual e um provedor de pagamentos, pode derrubar conversões. Um banco de dados congestionado pode impedir pagamentos. Um simples script mal configurado pode significar milhões perdidos em minutos.
O que poucos percebem é que a resiliência digital virou um ativo comercial. O cliente não quer saber de esperar. Ele fecha a aba e compra no concorrente. Por isso, as empresas que tratam infraestrutura como um investimento em experiência, e não apenas em tecnologia, são as que saem vencedoras no final das maratonas de vendas. Esse movimento não é teórico. Varejistas que adotaram modelos preditivos baseados em inteligência artificial para ajustar automaticamente o provisionamento de recursos em nuvem registraram entre 30% e 40% de redução no tempo de resposta, além de economias significativas em consumo computacional, segundo estudos acadêmicos e dados de mercado.
A ironia é que o sucesso da Black Friday depende justamente do que ninguém comenta. Quando tudo funciona, parece natural. Quando falha, vira manchete. E é aí que mora o verdadeiro teste de maturidade tecnológica. A infraestrutura moderna precisa ser invisível, mas nunca ausente. Precisa se adaptar sem pedir licença, crescer sem aviso e se manter no limite entre eficiência e segurança.
O varejo digital já entendeu que competir na Black Friday não é apenas vender mais, mas operar com a precisão de uma empresa de tecnologia. A diferença entre um carrinho fechado e um carrinho abandonado quase nunca está no tamanho do desconto, e sim na capacidade da infraestrutura de responder mais rápido do que o concorrente. É esse detalhe invisível que define quem transforma tráfego em receita e quem deixa dinheiro na mesa. No fim, a Black Friday não premia quem grita mais alto, mas quem constrói uma base capaz de sustentar o volume que todos desejam, mas poucos estão preparados para receber.
Sobre o autor: Frankllin Nunes é Head de Soluções Cloud e Arquitetura da Teltec Data, onde ele ajuda a construir tecnologia com propósito e uma cultura que coloca as pessoas no centro de tudo. Antes de trabalhar na Teltec Data, Franklin colaborou com empresas como Vantix Tecnologia, Allen Informática, Aliada, Totvs e Teltec Solutions.
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