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Liderança feminina impulsiona inovação e acelera adoção da IA nas empresas

A presença estratégica de mulheres em cargos de decisão é essencial para a implementação bem-sucedida da IA nas organizações, porque as visões diversificadas ampliam a análise de cenários, impulsionam a inovação e contribuem para soluções mais inclusivas e eficazes.

A implementação eficaz da inteligência artificial (IA) nas empresas depende diretamente de uma liderança engajada e proativa. A ausência de comprometimento por parte dos líderes pode resultar em organizações obsoletas e incapazes de acompanhar as rápidas transformações do mercado. Nesse contexto, a presença feminina em cargos de gerência torna-se ainda mais relevante, trazendo perspectivas diversificadas e impulsionando a inovação tecnológica.

Para Rebecca Fischer, co-fundadora da Divibank, a participação de mais mulheres em posições importantes não apenas diversifica a tomada de decisão, mas também se reflete em ganhos mensuráveis. “Estudos indicam que empresas de tecnologia com mulheres em cargos de comando têm 15% mais chances de melhorar seu desempenho financeiro, evidenciando a correlação entre diversidade na gestão e resultados mais robustos”, explica.

Contudo, apesar dos avanços na presença feminina no mundo dos negócios, desafios ainda marcam a jornada das empreendedoras no Brasil. De acordo com o Sebrae, o país conta com 10,11 milhões de mulheres à frente de organizações, o que representa 33,89% do total de empreendedores nacionais. Além disso, elas são 46% dos empreendedores em estágio inicial, segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM). No entanto, mesmo com esse crescimento, muitas ainda enfrentam barreiras para expandir seus negócios, especialmente no acesso ao crédito.

De acordo com um estudo da Fincatch, em 2022, apenas 7,7% dos sócios e fundadores das mais de 1.500 fintechs brasileiras eram mulheres. Em 2024, esse percentual aumentou para 12,9%, evidenciando um crescimento tímido na representatividade feminina no setor. No entanto, um levantamento adicional da Findexable destaca que, embora o Brasil seja o segundo país no mundo com o maior número de fintechs fundadas por mulheres, esse dado ainda é restrito a apenas 16 empresas, em meio a quase 1.500 fintechs no total. Esse contraste sublinha a persistente disparidade de gênero no ecossistema de inovação financeira.

Embora representem quase metade da força de trabalho mundial, as mulheres ocupam apenas 4% das posições de CEO e menos de 40% dos cargos de liderança. Esses números, mais do que simples estatísticas, evidenciam a persistência da desigualdade e dos obstáculos ao crescimento profissional feminino. Além da disparidade salarial, as mulheres enfrentam barreiras como preconceitos estruturais, falta de reconhecimento e a sobrecarga da dupla jornada de trabalho.

Eduarda Camargo, Chief Growth Officer da Portão 3 (P3), reforça a importância de investir no potencial feminino para o sucesso organizacional. “Quando as empresas apostam em lideranças femininas, não estão apenas promovendo a igualdade, mas também contribuindo para um futuro mais inovador e estratégico. As mulheres têm uma visão única, que pode ser um diferencial importante no mundo corporativo”, afirma.

Camargo destaca que a presença estratégica de mulheres em cargos de decisão é essencial para a implementação bem-sucedida da IA nas organizações. “As visões diversificadas ampliam a análise de cenários, impulsionam a inovação e contribuem para soluções mais inclusivas e eficazes, refletindo a complexidade e a diversidade do mundo real”, afirma.

A integração efetiva da inteligência artificial nas empresas requer não apenas uma liderança comprometida, mas também diversa. A falta de engajamento da gestão é apontada como um dos principais obstáculos para a adoção de novas tecnologias no ambiente corporativo. Rebecca Fischer, da Divibank, ressalta que o desafio do CEO é abraçar estratégias orientadas pela inovação digital como um esforço colaborativo em toda a empresa. “A participação de mais mulheres em posições importantes não apenas diversifica a tomada de decisão, mas também se reflete em ganhos mensuráveis”, explica.

Diante disso, iniciativas para promover a liderança feminina no setor de tecnologia têm ganhado cada vez mais destaque. A colaboração entre a EY Global Consulting e a organização Women in Cloud, por exemplo, busca acelerar o desenvolvimento de mulheres em áreas como IA, computação em nuvem e cibersegurança. Essa parceria visa desmantelar barreiras e criar um fluxo contínuo de líderes femininas capacitadas para se destacarem na era digital.

Ampliar a participação feminina em cargos de decisão é fundamental para fomentar a inovação e assegurar que as organizações estejam preparadas para os desafios e oportunidades da transformação digital.

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