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Tendências para as telecomunicações no Brasil e na América Latina em 2023

Em palestra no evento de Conecta Latam, gerente sênior da Omdia realizou projeções sobre o mercado de banda larga fixa e o 5G.

O Workshop Telecom Industry Outlook Brasil aconteceu no dia 23 de março e foi apresentado por Ari Lopes, gerente sênior de investigação de mercados das Américas na Omdia. Durante o evento, foram expostas tendências para a indústria de telecomunicações neste ano, com enfoque no Brasil e na América Latina. Além disso, o especialista apresentou dados sobre o mercado global de banda larga fixa e analisou o crescimento da fibra óptica e do 5G.

Para iniciar sua fala, Lopes explicou que o mercado de banda larga fixa encontrou um cenário favorável nos últimos cinco anos em todo o mundo. Houve um aumento das assinaturas e receitas arrecadadas mesmo em mercados mais maduros, conforme revelou uma análise da Omdia. Por exemplo, na Oceania e no Leste e no Sudeste Asiático as assinaturas cresceram, em média, 10,8% entre 2016 e 2021. Para Austrália, China e Vietnã, esse valor foi ainda maior, de 40%. A principal causa apontada para esse aumento são projetos de implantação de infraestrutura de fibra em grande escala.

Fibra óptica ganha espaço

Na América Latina, também observou-se um crescimento das assinaturas e receitas de serviços, impulsionado pela demanda dos consumidores e pelo desenvolvimento das redes de infraestrutura. O estudo da Omdia também analisou especificamente o avanço do mercado de fibra óptica na região. "A fibra óptica chegou mais tarde no Brasil e na América Latina, o que normalmente é o padrão para a adoção de novas tecnologias por aqui. Mas, uma vez que essas tecnologias chegam, seu crescimento é espantoso", pontua Lopes.

Estima-se que a fibra óptica seja a tecnologia que ganha espaço mais rapidamente entre as empresas fornecedoras de serviços de transmissão por cabo no contexto latinoamericano. Segundo a Omdia, a chamada tecnologia de telecomunicações FTTx (do inglês, fiber to the x), tinha apenas 421 mil assinaturas em 2018, ao passo que, em 2022, este valor subiu para mais de 5 milhões. A FTTx tem sido empregada sobretudo para expandir a cobertura de rede em novas regiões, podendo eventualmente substituir o cabo em áreas de alta competitividade.

Isso explica o declínio da base de clientes dos provedores de cabo em 2022. A Omdia prevê, ainda, que mais de 65% das conexões de banda larga fixa serão dependentes da fibra óptica até 2027.

América Latina em números

A América Latina é um dos mercados de fibra óptica que mais crescem no mundo, conforme comprovam dados coletados pela Omdia. Desde 2019, o Brasil estava atrás apenas da China em termos de adições líquidas de fibra óptica, porém foi superado pela Índia em 2022. Já o México ocupava a sétima posição globalmente, com 2,8 milhões de adições. A principal operadora do país, a Telmex, experimentou um crescimento de 63% em sua base de consumidores de fibra durante um período de 2 anos, até o terceiro trimestre de 2022.

Além disso, as principais operadoras da Argentina –Claro, Movistar e Personal– cresceram consideravelmente. Somente a Personal, por exemplo, alcançou um aumento anual de 234%.

5G como motor de crescimento das telcos

Conforme estatísticas da Omdia, o 5G alcançou 591 milhões de assinaturas em 2021 globalmente. No ano seguinte, a tecnologia adquiriu maior penetração na América Latina, sendo que Brasil, México e Chile apresentaram os melhores índices de crescimento das bases de clientes das empresas do setor de telecomunicações até o momento. "Particularmente, o Brasil está criando um ecossistema com a rede standalone que impulsionará a adoção do 5G em toda a América Latina", opina Lopes.

A previsão para 2023 e os anos seguintes é que o crescimento do número de assinantes ganhe ainda mais força, principalmente porque o 5G apresenta uma melhor performance do que as redes anteriores. Porém, a quinta geração de internet móvel precisará apresentar resultados para além da banda larga mais rápida. "Ainda não vimos uma grande inovação em termos de serviço com o 5G. É uma crítica comum, que escutamos com frequência. Mas ainda está muito no começo da adoção", avalia o especialista.

Conselhos para o setor

Durante a palestra, foram fornecidos conselhos aos players do setor de telecomunicações com relação ao 5G. Uma das sugestões é que as operadoras assumam mais riscos e não se limitem a oferecer apenas uma banda larga mais rápida, uma vez que os consumidores demandarão serviços e conteúdos inovadores para substituir de fato seus aparelhos celulares antigos por aparelhos compatíveis com o 5G.

Além disso, a Omdia aconselha as operadoras latinoamericanas a aumentarem a escala e o escopo de suas parcerias, as quais se tornaram mais importantes do que nunca. Como as empresas não conseguem desenvolver todos os tipos de casos de uso ao mesmo tempo, devido à própria natureza do 5G, é importante buscar parceiros que atuem em diferentes verticais.

Além disso, deve-se lembrar que as redes privadas representam uma oportunidade promissora. "Atualmente, o 4G tem atendido a maior parte dos casos de uso em redes privadas", notou o palestrante. Por essa razão, as operadoras devem demonstrar com clareza os benefícios do 5G em redes privadas se quiserem conquistar as empresas que ainda utilizam a quarta geração.

Além disso, Lopes enfatizou que os serviços 5G FWA (Fixed Wireless Access) se tornaram uma nova opção para provedores de serviços de comunicações, especialmente para operadoras exclusivas de telefonia móvel buscando uma entrada rápida no mercado de banda larga fixa.

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