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Seis histórias de mães empreendedoras no mercado de TI e Inovação

As mães empreendedoras no mercado de Tecnologia da Informação, predominantemente dominado por homens ao longo da história, estão desempenhando um papel cada vez mais significativo, trazendo uma variedade de habilidades, perspectivas e experiências para o setor.

Conciliar vida profissional com a maternidade é um desafio compartilhado entre muitas mulheres pelo mundo. Mesmo assim, ao longo dos últimos anos, elas têm se destacado no mercado, especialmente levando em consideração o empreendedorismo.

Segundo último levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre “Empreendedorismo Feminino”, realizado em 2022, mais de 10,3 milhões de mulheres são donas de seus próprios negócios no Brasil. O número representa um aumento de 30% de 2021 para 2022 e um recorde desde que o acompanhamento começou a ser feito, em 2016.

Analisando o mercado de Tecnologia da Informação (TI), predominantemente dominado por homens ao longo da história, as mães empreendedoras estão desempenhando um papel cada vez mais significativo, trazendo uma variedade de habilidades, perspectivas e experiências para o setor.

A presença feminina vem crescendo, inclusive, em eventos de tecnologia e inovação. Para se ter uma ideia, a segunda edição do Web Summit Rio, um dos principais no segmento (que aconteceu em meados de abril), registrou que, do total de participantes, 47,5% eram do sexo feminino, além de 39% dos palestrantes e 45% do total de fundadores, o maior número já registrado em todas as edições do evento.

A fim de ilustrar o papel das mulheres no mercado de TI, listamos seis empreendedoras que estão revolucionando esse mercado:

Jeanny Bravaresco, cofundadora da Central 12

Fundada por Jeanny Bavaresco e Letícia Caroline Méo, a Central 12 ajuda empresas de bens de consumo (B2C e B2B2C) a transformar as iniciativas de sustentabilidade da cadeia de produção e de seus produtos em valor para seus stakeholders. Nesse sentido, por meio de informação padronizada, acessível e confiável, disponibilizada em um Rótulo Digital, qualifica os dados, baseando-se em normas globais sobre comunicação de sustentabilidade e transparência e prevenindo o greenwashing (prática de camuflar, mentir ou omitir informações sobre os reais impactos das atividades de uma empresa no meio ambiente). Além disso, consolida o que pesquisas apontam como informações relevantes para o consumidor sobre as práticas mais sustentáveis das empresas.

Segundo Jeanny, startups fundadas por mulheres ainda são exceção globalmente, e no Brasil não é diferente. "Barreiras relacionadas a esse ‘gap’ precisam ser diariamente enfrentadas. Os cargos de liderança e de decisão de corporações e da indústria ainda estão majoritariamente nas mãos de homens, e quando trata-se da escolha de fornecedores e de parceiros comerciais, muitas vezes nos deparamos com viés da semelhança, ou seja, as escolhas tendem a ser feita com base em similaridade entre os pares. Esse é apenas um exemplo de algumas das barreiras que estamos expostas. Mas temos visto também a crescente oferta de programas de capacitação e aceleração dedicadas exclusivamente para mulheres, o que traz mais força a esse enfrentamento e para que mais mulheres ocupem cada vez mais seu espaço nesse universo", conclui a empreendedora.

Em 2022, a startup foi selecionada pela Future Female Business School para fazer parte de seu programa, promovido em parceria com a UK-Brazil Tech Hub. Em 2023, participou do Empreendedoras Tech, programa desenvolvido pelo ENAP em parceria com o MDIC, para fortalecer projetos ou empresas de micro e pequeno porte de base tecnológica lideradas por mulheres, e do InovAtiva de Impacto Socioambiental.

Pâmela Cavalcanti, CEO e Co-Fundadora da BeeTo Soluções Digitais

Pâmela Cavalcanti, CEO e Co-Fundadora, iniciou sua jornada na BeeTo Soluções Digitais colocando em prática o empreendedorismo com propósito e o desejo de realizar impacto social efetivamente. A startup é uma software house especializada no desenvolvimento de sistemas que automatizam processos, aumentam a produtividade e auxiliam na tomada de decisões estratégicas. Em 2023, a empresa foi acelerada pelo programa InovAtiva de Impacto Socioambiental e, atualmente, está lançando um produto de gestão de estoque personalizável (WMS), com o foco no crescimento estratégico e desenvolvimento de tecnologia.

Para a executiva, “empreender é emocionante, mas desafiador. Como mulher é necessário superar estereótipos, construir e estar em redes de apoio e provar nosso valor constantemente. Na área de tecnologia estamos em um mercado dinâmico e altamente competitivo, onde a inovação é essencial para o sucesso, mas também existem obstáculos, como a rápida evolução tecnológica. No entanto, cada desafio nos impulsiona a nos superar e a encontrar soluções criativas. Encaro esses desafios como oportunidades para crescer, inovar e fazer a diferença”.

Vanessa Vilete, sócia e Conselheira da Brada!

A Brada! é a primeira plataforma que conecta incentivadores a empreendedores sociais com suporte completo para projetos de impacto positivo. Oferecendo ampla conectividade, a startup oferece canais de relacionamento entre os atores com interface de fácil acesso, desburocratizando a comunicação e processos. A empresa foi fundada em 2022 e, em 2023, foi acelerada pelo InovAtiva de Impacto Socioambiental. Hoje, Vanessa Vilete atua como Sócia e Conselheira do negócio.

Para a executiva, “como mulher empreendedora, posso afirmar que a influência feminina no empreendedorismo é inegável e poderosa. Ao longo da história, as mulheres têm desafiado estereótipos e barreiras, trazendo uma perspectiva única para o mundo dos negócios. Nossa capacidade de empatia, resiliência e criatividade nos impulsiona a buscar soluções inovadoras e a construir negócios sustentáveis. Ao liderar com sensibilidade e inclusão, contribuímos para uma cultura empresarial mais diversificada e equilibrada”, declara.

Mariá Amorim, fundadora da Seed4Seed

Nascida e criada no interior do Espírito Santo, cresceu cuidando de animais e plantações, o que moldou suas escolhas futuras. No mundo acadêmico, enfrentou desafios, especialmente por ser mulher em um campo predominantemente masculino. Apesar das dificuldades, Mariá defendeu sua tese de Doutorado grávida, no final da gestação e ingressou no pós-doutorado com um bebê de 1 ano. Além disso, ela captou recursos e fundou a Seed4Seed, plataforma de inteligência artificial para análise de sementes, e, posteriormente, ingressou no Catalisa ICT, projeto do SEBRAE, que contou com o apoio de planejamento e execução da Wylinka, para receber mentoria de alto nível e encontrar novas oportunidades para seu negócio.

“As mulheres estão significativamente sub-representadas na CT&I em todo mundo, principalmente quando se trata de posições de liderança. Ninguém pergunta para um homem quem vai ficar com o filho, mas nós mães ouvimos esse questionamento com grande frequência e toda nossa capacidade é posta em xeque”, comenta Mariá Amorim.

Ana Calçado, CEO e presidente da Wylinka

Futura mamãe, Ana Calçado é CEO e presidente da Wylinka, uma organização sem fins lucrativos que transforma o conhecimento científico em soluções e negócios que melhoram o dia a dia das pessoas e fomentam o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil. Ela atua no desenvolvimento de metodologias e gestão de programas no Brasil e América Latina, que visam identificar o potencial da pesquisa científica e construir estratégias para promover a inovação e o empreendedorismo de base tecnológica.

A empreendedora enfatiza que contar com mulheres em posições de liderança traz inúmeros benefícios é uma das principais formas para promover isso e romper o ciclo de desigualdade de gênero por meio da educação superior. Porém, para que isso se concretize, é necessário incentivo das instituições e de outros atores ao redor, dispostos a solucionar o problema.

“Hoje, ocupando uma posição de liderança, compreendo o papel que temos no estímulo da presença de mais mulheres no campo na inovação, principalmente em cargos de destaque, predominantemente ocupados por homens. Entendo também que temos a responsabilidade de reconhecer e incentivar iniciativas de investimento direcionadas às deep techs lideradas por mulheres. Assim, por meio dessas ações, podemos criar um ambiente equilibrado e garantir que os talentos femininos sejam devidamente reconhecidos, contribuindo para um futuro mais inclusivo e diversificado na área da tecnologia e inovação”, finaliza.

Camila Rissi, CEO e fundadora da Monuv

Mãe da pequena Laura de três anos, Camila é co-fundadora e CEO da Monuv, uma empresa que utiliza inteligência artificial para transformar a segurança em ambientes públicos e privados. Com larga experiência em estratégia de vendas, ela também contribui para o ecossistema empreendedor através de mentorias e aulas em parceria com empresas como Receita Previsível, Comunidade Neil Patel e Escola Conquer.

Para Camila, uma mulher estar à frente de uma empresa com foco em tecnologia e inovação é algo que espera que aconteça com frequência daqui em diante e quer mostrar para sua filha que é possível. “Como CEO e mãe de uma menina, entendo a importância de cultivar um ambiente onde todos, especialmente as mulheres, têm a oportunidade de alcançar seu máximo potencial. Esse não é um apenas um compromisso como empreendedora, mas um legado que desejo deixar para minha filha, assegurando que ela cresça em um mundo onde suas capacidades e esforços determinam seu sucesso, sem limitações de oportunidades”, afirma.

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