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O poder de WhatsApp no Brasil

O uso vai muito além da comunicação pessoal, WhatApp tornou-se uma alternativa para pequenas e médias empresas interagirem com os clientes, e é um importante canal de comunicação direta com marcas e empresas.

O alcance de uma mensagem de texto, de uma chamada WhatsApp ou de um grupo de Telegram é inegável. Não estou falando apenas da praticidade da comunicação, mas também do poder de convocar as pessoas, seja para ajudar as vítimas de desastres naturais, como as recentes chuvas em Araraquara, seja para participar de atos de vandalismo, como os registrados no último domingo, 8 de janeiro de 2023, que culmino com os ataques às instalações da Suprema Corte de Justiça, do Congresso e do Palácio do Planalto.

WhatsApp domina

O Brasil é o maior mercado do WhatsApp fora da Ásia. Estima-se que o aplicativo de mensagens conte com cerca de 147,37 milhões de usuários no país, e que responda por mais de 54% da base de usuários em todo o continente sulamericano.

O WhatsApp é de longe a plataforma de mídia social mais utilizada no Brasil, e está presente em quase todos os smartphones do país. Mais de 96% da população local é usuária ativa do messenger, sendo que 35% das pessoas o apontam como sua plataforma de mídia social favorita.

Uma pesquisa do site especializado Stadista indica que, para os brasileiros, enviar mensagens é apenas uma das funções do app. Enquanto 90% dos usuários de smartphones apontam o WhatsApp como sua ferramenta preferida para a troca de mensagens, 83% das pessoas não abre mão dele para a troca de imagens e menagens de voz.

E o uso do 'zap-zap', como a ferramenta é carinhosamente apelidada, vai muito além da comunicação pessoal: ela é hoje um importante canal de comunicação direta com marcas e empresas.

Desde seu spin-off comercial, em 2019, o WhatApp tornou-se uma alternativa para pequenas e médias empresas interagirem com os clientes, e isso gerou demanda para o WhatsApp Pay, um serviço que vincula o WhatsApp a instituições financeiras como bancos, operadoras de cartões de crédito e algumas fintechs, possibilitando pagamentos entre particulares e empresas dentro do próprio app.

Fonte de informação

O WhatsApp é a segunda mídia social mais utilizada para consumo de notícias no Brasil, especialmente entre usuários com mais de 45 anos de idade. Porém, 62% dos brasileiros alegam já terem se deparado com notícias falsas no app.

De acordo com a pesquisa do Stadista, realizada em março de 2022, mais da metade dos entrevistados disseram que os aplicativos de mensagens deveriam ser suspensos se desobedecessem a uma ordem judicial para evitar a disseminação de notícias falsas, e cerca de 81% deles concordou que plataformas de mídia social e aplicativos de mensagens deveriam remover o conteúdo de notícias falsas.

Por conta da atmosfera política polarizada que tomou conta do país nos últimos anos, muitos usuários de mídia social optaram por parar de falar sobre política nestas plataformas. Tanto que apenas 8% das pessoas afirmaram usar o WhatsApp como sua principal plataforma de mídia social para informação política.

Isso, no entanto, não fez com que ela perdesse relevância. O uso excessivo de bots por parte do candidato Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 acendeu o alerta e fez com que, para o pleito de 2022, o Supremo Tribunal Federal fechasse um acordo com o WhatsApp com o intuito de controlar as fake news e a desinformação. 

Aliado de negócios

O mercado brasileiro é tão importante para a Meta, a empresa dona do WhatsApp, que o país serve de laboratório para a prova de uma série de funcionalidades que depois são replicadas em outros países. Um exemplo foi a possibilidade de que os consumidores encontrarem, se comunicarem e fazerem transações com as empresas dentro do aplicativo de mensagens.

A função de diretório, por exemplo, foi testada por um ano com pequenas e médias empresas (SMBs) em São Paulo, e depois implantada em todo o país. Com ela, hoje os usuários conseguem encontrar pequenas, médias e grandes empresas próximas a eles através de um recurso de busca dentro do aplicativo. É possível visualizar os produtos, iniciar conversas com vendedores e até efetuar compras, graças a uma parceria entre o app e empresas de pagamento como Cielo e Mercado Pago. O Brasil foi o primeiro país do mundo a receber esse API, e o recurso agora será gradualmente implantado em outros mercados.

De acordo com uma pesquisa da Kantar, 80% dos usuários do WhatsApp interagem com marcas e empresas através desse API, e 82% o fazem para solicitar informações sobre produtos e serviços. Além disso, cerca de 60% das marcas mais valiosas do Brasil estão no WhatsApp.

O Banco do Brasil, por exemplo, um dos maiores bancos do país, oferece mais de 20 tipos de serviços a seus 12 milhões de clientes através do WhatsApp e o utiliza para mensagens de serviço, marketing e fins transacionais.

A alternativa

O WhatsApp é o aplicativo de mensagens dominante no Brasil: além de estar instalado em quase todos os smartphones do país, é o aplicativo mais frequente nas telas iniciais destes dispositivos e o segundo aplicativo mais utilizado pelas crianças. Porém, tem visto seu concorrente russo Telegram crescer no país –hoje ele está presente em 60% dos smartphones brasileiros– e precisa manter em seu radar o Signal, outro Messenger de olho nesse mercado.

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