O mercado de nuvem cresce e se consolida no Brasil

O crescimento dos serviços em nuvem também traz novas demandas e, consequentemente, o mercado exige que os profissionais estejam preparados para atendê-las o mais rápido possível.

Você já pensou onde estão seus dados atualmente? Em um mundo onde tudo está interconectado e onde as velocidades de conexão estão avançando, a resposta mais provável para essa pergunta é na nuvem, que está cada vez mais associada a ganhos de agilidade, custo e segurança.

Guardar tudo na nuvem, desde sites até dados sigilosos, é algo bastante popular e que movimenta a economia. Dados de um estudo recente divulgado pelo Gartner, por exemplo, dão conta de  que os gastos mundiais com armazenamento em nuvem devem atingir US$ 500 bilhões este ano. No Brasil, a expectativa é de que o investimento nos serviços em nuvem aumente 20% até dezembro.

“Não existe estratégia de negócios sem estratégia de cloud computing”. Foi assim que o diretor sênior de Pesquisa do Gartner, Henrique Cecci, definiu a importância da computação em nuvem no atual contexto global de negócios durante o AWS Summit 2022, realizado na cidade de São Paulo no início de agosto.

Atualmente, o custo local de cloud no Brasil é 78% maior do que nos Estados Unidos, e isso se deve a fatores internos e externos (como a variação do dólar), mas também à falta de planejamento, o que causa um atraso em relação aos países desenvolvidos.

A maioria das empresas ainda enxerga a nuvem como infraestrutura e investe apenas entre 8% e 9% de seus orçamentos de TI. Nos países desenvolvidos, o número chega a 17% e, nos Estados Unidos, a expectativa é que os investimentos nessa tecnologia alcancem 30% em 2025. Por lá, o consumo de PaaS (plataforma como serviço) é três vezes maior do que o de IaaS (infraestrutura como serviço), relação inversa à existente no Brasil.

Outros desafios por aqui são a centralização das ofertas de nuvem em grandes centros, como Rio de Janeiro ou São Paulo, o que acaba deixando outras regiões sem serviço. Além disso, há o custo da nuvem no mercado brasileiro e o fato de algumas verticais, com finanças e governo, enfrentarem questões regulatórias.

A nuvem em expansão

O Gartner estima que mais de 50% do que se gasta em cloud hoje é ineficiente. Ainda assim, o contexto do mercado de cloud computing é de crescimento e de consolidação, principalmente entre os grandes players, que são fortemente impactados pela força de mercados locais. O Ali Baba, por exemplo, mesmo não tendo presença na América Latina, é o terceiro maior provedor global de nuvem.

De acordo com um estudo da consultoria Canalys, os três principais fornecedores públicos globais –AWS, Microsoft Azure, Google Cloud– foram responsáveis por 63% dos gastos globais com nuvens no segundo trimestre, crescendo coletivamente 42%.

Se analisada isoladamente, a AWS foi responsável por 31% dos gastos das empresas globais nesse período, um aumento de 33% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Azure seguiu com uma participação de 24% e crescimento 40% no ano. Já o Google Cloud cresceu 45% e teve 8% de participação de mercado.

No Brasil, A AWS tem hoje o maior market share e o maior ecossistema de parceiros, com 57%, e é seguida pela Azure, com 28%. Acredita-se que a liderança AWS se deve principalmente ao fato de ela ter começado antes neste mercado –seu único cluster de datacenter na América Latina fica em São Paulo e foi lançado em 2011– e de utilizar como estratégia a inovação e a oferta constante de novos serviços.

Nos últimos dois anos, a AWS aumentou seus investimentos no país, aproveitando-se da crescente adoção das nuvens, e anunciou um investimento de R$ 1 bilhão (US$ 189 milhões) para o período de 2020-22.

Tanto a AWS como a Microsoft continuam a expandir a infraestrutura em todo o mundo e na América Latina em particular. A Microsoft, por exemplo, planeja lançar no próximo ano 10 regiões de nuvens globais. Já a AWS, que hoje tem 84 zonas de nuvens globais e 26 regiões de nuvens, planeja lançar 24 zonas de disponibilidade em oito regiões. Entre essas novas regiões da AWS está o Chile, em cuja capital, Santiago, a empresa está desenvolvendo um projeto de US$ 205 milhões.

Procurando por profissionais

O crescimento dos serviços em nuvem também traz novas demandas e, consequentemente, o mercado exige que os profissionais estejam preparados para atendê-las o mais rápido possível. Com isso em mente, a AWS e a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, fecharam uma parceria para, até 2023, capacitar 50 mil brasileiros em tecnologias voltadas às áreas de nuvem, marketing digital e tecnologias para o metaverso dentro de um novo programa chamado Portal Tech.

Voltado a jovens a partir de 18 anos e adultos, o programa terá como foco pessoas formadas em escolas públicas e priorizará a capacitação de mulheres, pessoas negras e pessoas da comunidade LGBTQIA+ nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Pernambuco, Alagoas e Amazonas.

O programa terá duas fases, sendo que o objetivo da primeira é capacitar 25 mil pessoas em curso de fundamentos da nuvem AWS, oferecido gratuitamente pela empresa de treinamento parceira Ka Solution. Outras 25 mil pessoas terão acesso a cursos básicos gratuitos de realidade aumentada (Spark AR) e marketing digital na plataforma Blueprint, da Meta.

A segunda fase do programa será destinada a 2 mil estudantes moradores de 17 cidades nas quais a escola profissional Proz Educação tem unidades físicas ou parcerias locais para o uso de computadores, que tenham feito o treinamento inicial e demonstrem interesse em trabalhar com essas tecnologias.

Para participar da primeira fase, os candidatos deverão ter cursado o ensino médio em escola pública. Também serão observados critérios de gênero e raça, com prioridade para mulheres e pessoas negras. Os selecionados serão formados em introdução à programação em um curso online e presencial voltado a habilidades técnicas, como introdução à programação em Javascript, introdução a web services, Node JS e bancos de dados.

Além disso, mil formandos em programação irão se especializar em computação em nuvem e participar de um curso preparatório para a prova de certificação AWS Cloud Practitioner. Os outros mil receberão treinamento avançado em marketing digital e tecnologias para o metaverso e farão o curso preparatório para obtenção de certificações da plataforma do Meta Blueprint.

Metade dos classificados receberá gratuitamente as certificações, de acordo com o desempenho no curso, e todos receberão apoio na criação de seus currículos e preparação para entrevistas de emprego, assim como serão conectados a oportunidades de emprego em empresas clientes e parceiras da AWS e da Meta que tenham vagas em nuvem, tecnologias para o metaverso e marketing digital.

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