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IaaS: a nuvem como motor da transformação digital

Impulsionado por investimentos em data centers regionais e pela demanda por transformação digital, o mercado brasileiro de IaaS deve crescer exponencialmente em 2025, apesar dos desafios em segurança e capacitação profissional.

A Infraestrutura como Serviço (IaaS) tem se consolidado como uma das principais forças motrizes da transformação digital global, oferecendo às empresas a flexibilidade necessária para inovar sem os custos proibitivos associados à manutenção de infraestruturas físicas. Em 2024, o mercado global de IaaS movimentou mais de US$ 1,7 trilhão. Para 2025, a expectativa é de crescimento acelerado, impulsionado por demandas por escalabilidade, segurança e conformidade regulatória.

No Brasil, o cenário não é diferente. Os gastos com tecnologia em nuvem devem crescer significativamente nos próximos anos, refletindo a importância da computação em nuvem como motor da inovação empresarial e do desenvolvimento econômico. O país está posicionado como um dos mercados emergentes mais promissores para o IaaS, graças ao aumento da conectividade e ao surgimento de startups disruptivas.

Crescimento exponencial do mercado de IaaS

Os gastos globais com infraestrutura em nuvem cresceram 41,4% no segundo trimestre de 2024, atingindo US$ 19,4 bilhões globalmente. Esse crescimento foi impulsionado por fatores como a transformação digital acelerada pelas empresas, a adoção de modelos híbridos e multi-cloud, e a necessidade de otimização de custos e agilidade operacional.

No Brasil, as empresas estão migrando para a nuvem para suportar operações críticas, desde e-commerce até telemedicina, aproveitando a escalabilidade e a flexibilidade que o IaaS oferece, e investimentos significativos em data centers regionais têm fortalecido a presença de gigantes globais como AWS, Microsoft Azure e Google Cloud no país.

A AWS, por exemplo, anunciou recentemente expansões em São Paulo, enquanto a Microsoft destacou um crescimento de 31% em sua receita de nuvem no Brasil no último trimestre de 2024. Esses investimentos são essenciais para reduzir latência e melhorar a experiência do usuário local, especialmente em um mercado tão vasto e diversificado como o brasileiro. A pandemia também teve um impacto duradouro na adoção de IaaS, acelerando a migração de empresas para a nuvem em busca de soluções ágeis e resilientes.

Principais players e estratégias no mercado brasileiro

No Brasil, o mercado de IaaS é dominado por players globais como AWS, Microsoft Azure, Google Cloud, Oracle e IBM, cada um com suas estratégias específicas para atrair clientes locais. A AWS, que lidera o mercado em termos de participação global, enfrenta forte concorrência no Brasil, onde a Microsoft Azure tem ganhado terreno rapidamente, impulsionada por parcerias estratégicas com empresas locais. A Google Cloud, por outro lado, tem apostado em diferenciais como inteligência artificial e machine learning, oferecendo soluções avançadas para startups e empresas de tecnologia.

Provedores locais, como Locaweb e UOL Cloud, também desempenham um papel importante no ecossistema brasileiro, oferecendo soluções personalizadas e suporte técnico em português. Esses provedores têm se destacado por atender pequenas e médias empresas que buscam alternativas mais acessíveis aos gigantes globais.

O impacto do IaaS no crescimento de startups brasileiras é notável. Plataformas como AWS Activate e Microsoft for Startups têm sido fundamentais para o desenvolvimento de novos negócios, proporcionando acesso a ferramentas avançadas e infraestrutura escalável. Segundo um relatório recente, startups que adotaram IaaS registraram um crescimento médio de 25% em seus lucros líquidos em 2024.

Desafios para adoção de IaaS em 2025

Apesar do crescimento impressionante, a adoção de IaaS no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Um dos principais obstáculos é a gestão de custos, com muitas empresas subestimando os custos ocultos associados à nuvem. Ferramentas de Cloud Cost Management e práticas de FinOps estão se tornando essenciais para ajudar as organizações a otimizar seus investimentos.

Outro desafio é a conectividade e latência em regiões remotas, onde a infraestrutura de internet ainda é limitada. Para mitigar esse problema, provedores como AWS e Google Cloud estão investindo em data centers regionais e soluções de edge computing, que aproximam os recursos de processamento dos usuários finais.

A segurança de dados e a conformidade regulatória também são preocupações críticas. Nesse contexto, a criptografia e a responsabilidade compartilhada entre provedores e clientes são fundamentais para garantir a segurança na nuvem.

Por fim, a formação de profissionais qualificados em cloud computing continua sendo um gargalo. Iniciativas como certificações em AWS, Azure e Google Cloud estão ajudando a capacitar talentos locais, mas ainda há uma lacuna significativa entre a demanda por especialistas e a oferta disponível no mercado. Segundo a Brasscom, o déficit de profissionais capacitados em cloud deve chegar a 420 mil até 2026.

Casos de uso relevante e setores em destaque

O IaaS tem sido amplamente adotado em diversos setores no Brasil, com destaque para varejo, fintechs, saúde, agronegócio e indústria. No varejo, empresas como Magazine Luiza utilizam IaaS para suportar operações de e-commerce e omnichannel, melhorando a experiência do cliente e aumentando a eficiência operacional. No setor financeiro, startups como Nubank dependem de infraestrutura em nuvem para processar transações em tempo real e oferecer serviços digitais inovadores. Na saúde, a telemedicina e os prontuários eletrônicos têm se beneficiado de soluções de IaaS para armazenamento seguro e análise de grandes volumes de dados.

O agronegócio também está adotando IaaS para monitoramento de lavouras e agricultura de precisão, enquanto a indústria utiliza IoT e automação para otimizar processos produtivos. Um exemplo notável é a Ambev, que implementou soluções de IaaS para gerenciar sua cadeia de suprimentos de forma mais eficiente, reduzindo custos logísticos em 15% em 2024. Esses casos de uso demonstram como a migração para IaaS pode transformar negócios tradicionais em organizações digitais ágeis e competitivas. Além disso, a adoção de IaaS está impulsionando a criação de novos modelos de negócios, como plataformas de marketplace e serviços baseados em assinatura.

Tendências e o futuro

Olhando para o futuro, a integração de IaaS com inteligência artificial e machine learning será uma tendência dominante. Provedores como AWS e Google Cloud estão investindo pesadamente em plataformas de IA generativa, que permitem o desenvolvimento de modelos avançados de aprendizado de máquina diretamente na nuvem. A análise de dados em tempo real e big data também continuará a impulsionar a demanda por IaaS, especialmente em setores como varejo e saúde, onde decisões rápidas baseadas em dados são essenciais. Além disso, a sustentabilidade está se tornando uma prioridade, com provedores adotando energia renovável em data centers para reduzir o impacto ambiental.

Edge computing e 5G surgem como complementos naturais à nuvem, permitindo novas aplicações que exigem baixa latência e alta capacidade de processamento. Essas tecnologias têm o potencial de revolucionar setores como transporte, logística e entretenimento. Por exemplo, a implementação de redes 5G em cidades inteligentes está sendo suportada por infraestrutura de IaaS, permitindo soluções como monitoramento de tráfego em tempo real e automação de serviços públicos. O futuro do IaaS no Brasil será moldado pela convergência dessas tecnologias, criando oportunidades inovadoras para empresas e profissionais de TI.

O porvir do IaaS no Brasil é promissor, mas repleto de desafios que exigem planejamento estratégico, segurança robusta e otimização de custos. Empresas e profissionais de TI que abraçarem essas oportunidades estarão bem posicionados para liderar a transformação digital no país. Com investimentos contínuos em infraestrutura e inovação, o IaaS se consolidará como uma ferramenta essencial para o crescimento econômico e a soberania de dados no Brasil.

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