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Blockchain cria oportunidades no mercado corporativo e potencializa aplicações inovadoras

Durante fórum online, especialistas discutiram as novas possibilidades e desafios trazidos por essa tecnologia.

Nos dias 27 e 28 de janeiro, o portal TI Inside promoveu a quinta edição do "Fórum Blockchain", que contou com apresentações e debates sobre o papel do blockchain em diversos setores de negócios. As principais temáticas abordadas foram os desafios e os requisitos para a implantação de uma plataforma corporativa de blockchain, o emprego dessa tecnologia para a gestão de riscos, bem como sua relação com os ativos digitais.

O primeiro painel foi comandado por Maurício Magaldi Suguihura, host do BlockDrops Podcast e mentor de blockchain da TuneTraders, e teve como convidados os seguintes especialistas: ​​Oliver Cunningham, sócio responsável pela área de transformação digital e inovação da KPMG; Rafael Timóteo de Sousa Júnior, professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação Profissional em Engenharia Elétrica da UnB; Marcela Gonçalves, CEO da Multiledgers; e Eduardo Santos, mestre pela UnB e Tech Lead na área de tecnologias emergentes e abertas do Itaú Unibanco.

Governança, escolhas estratégicas e equipes especializadas

A tecnologia blockchain funciona como um sistema que permite rastrear o envio e o recebimento de informações pela internet, as quais podem ser acessadas facilmente por todos os membros de uma determinada rede. Essa forma de governança distribuída é um dos pontos fortes da tecnologia em questão, conforme ressaltou Oliver: "o que é fundamentalmente diferente em um projeto de blockchain é que sua adoção e execução não dependem de uma decisão unitária".

De acordo com o especialista, o sucesso de um projeto desse tipo depende da colaboração de várias empresas, que devem tomar decisões em conjunto a fim de padronizar as informações e a segurança do sistema que utilizam e, a partir disso, estabelecer um processo de negociação.

No entanto, as empresas geralmente têm dificuldade em entender a governança e a estrutura distribuídas. É o que constatou Marcela, citando esses fatores como elementos fundamentais para o sucesso e a longevidade de novos projetos de blockchain.

Os participantes do fórum também explicaram que a adoção de uma plataforma corporativa de blockchain exige inúmeras tomadas de decisão. Uma escolha central diz respeito ao tipo de plataforma de software utilizada, que pode ser de código aberto (open source), acessada abertamente pelo público conectado à rede, ou uma plataforma provida por um fornecedor do setor privado.

Ao escolher uma plataforma, é preciso levar em conta a complexidade técnica da rede e o custo-benefício de sua adoção. "As redes não são iguais: elas são tecnicamente diferentes e têm ferramentas diferentes", salientou Eduardo. É importante considerar ainda que os custos de se adotar e manter uma plataforma corporativa de blockchain são elevados.

Por isso, é necessário avaliar se o projeto de blockchain que se deseja desenvolver é financeiramente viável. "Muitos dos projetos falharam porque não conseguiram gerar um ecossistema de negócios capaz de sustentar o custo daquela infraestrutura. Cases que pareciam muito interessantes do ponto de vista técnico não tinham uma hipótese de negócio que os sustentasse", disse o especialista.

Outro ponto relevante para se pensar é a evolução tecnológica das redes de blockchain: a tendência é que, em alguns anos, as estruturas atuais sejam substituídas por estruturas mais eficientes, sobretudo do ponto de vista da padronização e da interoperabilidade entre plataformas. Desse modo, é necessário ter equipes especializadas em blockchain, que compreendam o protocolo descentralizado dessa tecnologia e sejam capazes de se adequar a eventuais mudanças.

No final do primeiro painel, os participantes ainda deram dicas para quem deseja começar a compreender melhor o assunto: primeiramente, é necessário entender o conceito de descentralização. Em seguida, uma boa alternativa seria estudar alguma plataforma de blockchain específica e, somente depois, aprofundar-se em temas mais avançados, como os contratos inteligentes.

Segurança de dados e aplicações do blockchain

O blockchain apresenta um ambiente protegido, que garante a imutabilidade e a segurança de dados. Essas características são especialmente vantajosas para as soluções de negócios, pois podem torná-las mais confiáveis e transparentes, além de diminuir seus riscos. A rastreabilidade é outro aspecto importante dessa tecnologia, que a torna ideal para a realização de rastreios de doações, atos de registro, bases de dados médicos e para a gestão de cadeias de abastecimento.

O blockchain é também o principal mecanismo por trás das transações de ativos digitais (ou criptoativos), conforme explicou Lorena Botelho, advogada e sócia da Peck Advogados, no segundo painel do fórum: "A tecnologia blockchain funciona como um sistema que permite rastrear o envio e o recebimento de alguns tipos de informação pela internet. Essa tecnologia é a estrutura fundamental dos sistemas de criptomoeda e impede que esse tipo de dinheiro seja duplicado ou destruído, de modo que as criptomoedas são todas rastreáveis e criptografadas".

Outra característica do blockchain é a descentralização. "Os dados não são salvos em um único servidor ou em uma só organização", ressaltou Lorena. Entretanto, isso não significa que os usuários da rede blockchain não têm privacidade. Por exemplo, no caso dos ativos digitais, a criptografia e o rastreamento permitem com que apenas o proprietário de determinada chave –isto é, o código alfanumérico criptografado que possibilita o acesso a reservas de bitcoins ou outras criptomoedas– seja capaz de decodificar sua mensagem.

Regulamentação do mercado de ativos digitais

Vale ressaltar que os criptoativos ainda não estão inseridos em um sistema financeiro regulado e suas operações não são monitoradas por governos. Isso os torna suscetíveis a serem empregados em transações ilícitas. Lorena argumentou que uma solução para o problema seria regulamentar o mercado de criptomoedas, de modo que governos, empresas e instituições passassem a garantir o cumprimento de atos, regimentos, normas e leis criados para aumentar a segurança desse mercado e coibir fraudes.

Segundo o painelista Antonio Candido, diretor de vendas da Cloudflare, é possível também regular e verificar as transações na rede blockchain por meio de soluções de software e plataformas especializadas de monitoramento e análise. Por exemplo, existem ferramentas para investigação, conformidade e gerenciamento de riscos, que permitem identificar comportamentos estranhos e pesquisar ocorrências específicas.

O segundo painel do fórum foi encerrado com um vídeo enviado pelo deputado federal do Rio de Janeiro, Aureo Ribeiro. Ele falou sobre um Projeto de Lei (PL) aprovado pela Câmara dos Deputados que visa à regulamentação das moedas digitais. O projeto prevê a autorização da ação das exchanges na compra e venda de criptomoedas, a difusão do pagamento de impostos e investimentos feitos pelo Tesouro Nacional utilizando os ativos, entre outras mudanças. O deputado finalizou sua fala salientando que o objetivo do PL é permitir que as pessoas possam fazer compras do cotidiano, abrir fundos lastreados e investir utilizando os criptoativos.

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