Christoph Burgstedt - stock.adob

Internet no fundo do mar

Os cabos submarinos modernos utilizam tecnologia de fibra óptica e transportam ao redor de mundo 98% do tráfego mundial de dados entre os continentes.

No mundo há mais de 550 cabos submarinos de internet que conectam continentes e seus países, continentes com ilhas, ilhas entre si e vários pontos ao longo de uma orla marítima. Os cabos submarinos são sites de interconexão de internet que estão na costa, mas que não compartilham fronteiras terrestres, como é o caso do Brasil e de Portugal, por exemplo, onde há um cabo direto que une a ambos os países.

Um cabo de comunicação submarino é um cabo estendido no leito marítimo entre estações terrestres para a transportação de sinais de telecomunicações através de extensões de oceano e mar.

Os cabos submarinos existentes no mundo constituem uma infraestrutura crítica em telecomunicações e transportam aproximadamente mais de $15 trilhões de transações diárias. Portanto, quando um cabo submarino chega a um país, costuma ser monitorado por muitas empresas com operações multinacionais. Normalmente o PIB desse país aumenta em 2% ou 3% nos anos seguintes.

Existem cabos que partem de todos os continentes, sendo os principais hubs mundiais Singapura, Egito, Marselha, Tóquio, Fortaleza, Omã, Malásia, Hong Konk e Mumbai.

Hoje os cabos submarinos transportam ao redor de mundo 98% do tráfego mundial de dados entre os continentes.

Cabos na região

Os principais cabos submarinos na América Latina são Curie (Google), Firmina (Google), Giganet-1 (Consorcio), PAN-AM (Lumen), AMX-1 (Claro), Monet (consorcio), Seabras- 1 (Seaborn), Tannat (consorcio), Junior (Google), SAM-1 (Telxius), Brusa (Telxius), SACS (Angola Cables), Sail (consorcio), Malbec (consorcio) y EllanLink (EllaLink).

O tamanho e a longitude dos cabos dependerão de o cabo ser regional ou intercontinental. Um exemplo de cabo regional é o JÚNIOR, um cabo do Google que conecta o Rio de Janeiro com São Paulo e possui uma longitude de 390 quilômetros. Por sua vez, um exemplo de cabo internacional é o 2 África com uma longitude de 37.000 km. Na região destaca-se o cabo Tannat, que é um cabo da Antel com o Google, conectando Maldonado (Uruguai) com Praia Grande (São Paulo), possuindo uma longitude de 2.000 km.

Instalação complexa

Os cabos submarinos têm uma grande complexidade técnica. São integrados por múltiplos componentes de alta tecnologia que requerem experiência em engenharia para desenhar, avaliar, operar e manter. Há também uma grande complexidade administrativa com restrições multinacionais, relações com fornecedores a longo prazo e considerações geopolíticas. É necessário ter habilidades específicas em vários aspectos para que o projeto tenha sucesso, operações marítimas legais, engenharia óptica, finanças, licenças, planejamento, negociações, etc. E a escala de tempo é significativa. Da concepção ao contrato costumam passar de seis a 24 meses. A construção demora entre 12 e 24 meses e a operação pode ser realizada em um período de 25 anos (operação técnica) e de 17 anos (operação comercial).

Os cabos submarinos modernos utilizam tecnologia de fibra óptica. Os lasers em um extremo disparam a velocidades extremamente rápidas através de fibras de vidro finas, atingindo os receptores no outro extremo do cabo. Estas fibras de vidro estão envolvidas em capas de plástico (e às vezes em arame de aço) para sua proteção.

Durante a maior parte de sua viagem através do oceano, os cabos modernos que se utilizam para transmitir dados, voz e vídeo, possuem o diâmetro de uma lata de refrigerante e pesam em torno de 1,3 toneladas por km2. Os filamentos que transportam os sinais de luz (a fibra óptica) são extremamente finos, aproximadamente do diâmetro de um fio de cabelo humano. Estas fibras estão recobertas por umas poucas camadas para isolamento e proteção. Os cabos colocados mais próximos da costa usam camadas adicionais de blindagem para uma maior proteção.

Presente e futuro

A princípios de 2023, havia 552 cabos submarinos 1444 CLS (pontos de aterragem) atualmente ativos ou em construção. O número total de cabos ativos muda constantemente, à media que entram em serviços novos cabos são retirados os cabos mais antigos.

Atualmente estão sendo construídos muitos cabos, com um orçamento global total de 4 bilhões de dólares.

Podem se romper?

A maioria dos danos causados nos cabos submarinos provém da atividade humana, principalmente da pesca e da ancoragem. Se isso ocorrer, o processo de restauração de um cabo é complexo e lento, podendo demorar mais de 60 dias, já que depende de muitos fatores como a autorização para a reparação em uma ZEE (Zona Econômica Exclusiva) específica de um país. Em águas profundas, um ROV (veículo submarino, operando remotamente) não pode operar devido ao aumento da pressão, portanto para fixar um cabo em águas profundas, o barco deve usar uma garatéia (âncora pequena), que agarra e corta o cabo, arrastrando os cabos soltos para a superfície. Se for necessário, um extremo pode ser amarrado a uma boia e o outro subir a bordo. Em seguida, o cabo é reparado e colocado novamente no oceano.

Saiba mais no LACNIC 40 LACNOG 2023

Se quiser saber mais sobre este tema, participe do próximo painel sobre cabos submarinos do LACNIC 40 – LACNOG 2023, a fim de trocar conhecimentos, explorar os últimos projetos, desenvolver estratégias e ajudar a impulsionar a indústria. Prepare-se para um painel inspirador com debate animado e estimulante junto a novas ideias e novas conexões disponíveis que o ajudarão a ampliar seus conhecimentos sobre este assunto.

Sobre o autor: Rogério Mariano é Global Head, Edge Network Planning na Azion. Veja seu perfil completo neste link.

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