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Inovação blockchain: ITEM Systems traz tecnologia NFI para o Brasil

Especialista aborda os principais desafios para superar barreiras de adoção e promover a conscientização sobre a confiabilidade e segurança da tecnologia blockchain. Também explora o potencial transformador da tecnologia NFI para revitalizar o comércio local.

Famosa principalmente por conta de criptomoedas como o bitcoin, a blockchain tem uma infinidade de outros usos, que vão dos tokens digitais a obras de artes urbanas. Sua adoção, porém, ainda é um desafio em muitos mercados um desafio, e é este cenário que a ITEM Systems, uma empresa de tecnologia em ascensão, quer mudar ao introduzir sua tecnologia de item não fungível (NFI) no cenário cultural brasileiro.

A empresa já implementou a tecnologia no mural “Um Mar de Esperança”, que os artistas Apolo Torres e Juliana Rosa pintaram em Santos –quem usa o smartphone para escanear uma placa anexada ao mural consegue resgatar recompensas em negócios locais–, e agora quer ampliar sua atuação no país.

Em uma entrevista exclusiva para Computer Weekly Brasil, Tyler Adams, CEO e co-fundador da ITEM Systems, detalha como a tecnologia NFI está sendo implementada para enriquecer a experiência dos visitantes de obras de arte urbana. Através de placas inteligentes integradas à blockchain, os espectadores podem obter informações aprofundadas sobre os artistas, o conceito das obras e até mesmo um mapa interativo de pontos turísticos nas proximidades.

Adams aborda os principais desafios enfrentados pela empresa ao adentrar o mercado brasileiro e suas estratégias para superar barreiras de adoção e promover a conscientização sobre a confiabilidade e segurança da tecnologia blockchain. Ele também compartilha insights sobre como a ITEM Systems planeja expandir sua atuação além do projeto pioneiro "Um Mar de Esperança", estabelecendo parcerias com organizações locais e autoridades municipais.

Com um olhar para o futuro, a entrevista explora o potencial transformador da tecnologia NFI para revitalizar o comércio local, conectando pontos turísticos, estabelecimentos comerciais e iniciativas culturais em uma experiência única para residentes e visitantes. Adams também aborda as medidas de privacidade e segurança implementadas pela ITEM Systems para garantir transações confiáveis por meio de sua plataforma blockchain.

Como a tecnologia blockchain da ITEM Systems está sendo aplicada para promover a arte urbana no Brasil?

Tyler Adams: A tecnologia NFI foi inserida em placas de bronze, que podem ser escaneadas usando o leitor NFC de qualquer smartphone ou pelo QR code exibido na placa, usando a câmera naqueles aparelhos que ainda não estão equipados com a tecnologia. O uso da tecnologia proporciona uma experiência muito mais rica e imersiva com a obra, mostrando detalhes sobre o artista, concepção da peça e ainda oferece um mapa interativo onde o visitante pode achar outros pontos de interesse pelo bairro ou cidade onde está. Como tudo está na blockchain, as informações dos usuários são 100% confiáveis e invioláveis. Sendo assim, é possível implementar programas de bônus ou recompensas para visitantes com total segurança –uma "caça ao tesouro", por exemplo, na qual determinado número de check-ins em obras com NFI geram descontos ou brindes em comércios locais. 

Quais são os principais desafios enfrentados pela ITEM Systems ao implementar sua tecnologia no mercado brasileiro?

Adams: O principal desafio é a falta de conhecimento sobre a blockchain, que gera uma certa desconfiança em relação à segurança da tecnologia. Mas, uma vez que explicamos o quão confiável ela é, e após uma demonstração do potencial da tecnologia NFI, as preocupações se dissipam. Estamos em conversas com diversas organizações no Brasil e a recepção tem sido muito positiva. 

Como a ITEM Systems planeja expandir sua atuação no Brasil além do projeto "Um Mar de Esperança", em Santos?

Adams: Fomos chamados para realizar a ativação NFI no mural "Um Mar de Esperança" pela Giulia Lupo, fundadora da She Wolf by Giulia. Ela tem diversas conexões no mundo da arte e é responsável por obras em diversos locais no Brasil, nas quais já estamos em tratativas para adicionar as placas NFI. Além disso, nosso time tem contato com algumas prefeituras, incluindo a de Santos, para ampliarmos a escala da aplicação da tecnologia, permitindo uma experiência muito mais abrangente aos visitantes. A região do Valongo, em Santos, é um ótimo exemplo de revitalização que pode se beneficiar muito da integração com a tecnologia NFI, criando uma jornada completa aos turistas e moradores, conectando pontos turísticos a lojas, bares, restaurantes e museus. 

Que impacto a ITEM Systems espera gerar no cenário cultural e artístico brasileiro através do uso da tecnologia blockchain?

Adams: A ITEM Systems foi criada para ser uma empresa de tecnologia para pessoas reais, com aplicações reais. Muitas vezes, os conceitos ficam muito complexos e distantes do grande público e queremos mudar isso. Por meio da tecnologia NFI, queremos proporcionar a artistas um meio de conexão mais profunda com seu público, gerando ainda mais interesse por suas obras e criando uma nova maneira de interação com as peças. Por isso, vimos no smartphone, item quase onipresente hoje em dia, um meio de fácil adoção para que as pessoas possam saber mais sobre o que estão vendo e ainda tenham uma experiência memorável, ao resgatar produtos com desconto, por exemplo. 

Como a tecnologia de item não fungível (NFI) da ITEM Systems funciona e quais são suas principais vantagens?

Adams: A tecnologia NFI consiste em um item físico vinculado criptograficamente a um “espelho digital”, permitindo aos utilizadores assinar transações de forma segura. É a porta que leva à adoção em massa da Web3, levando a tecnologia blockchain para aplicações da vida real, exigindo pouca ou nenhuma familiaridade com ela. 

Os NFIs oferecem potencial infinito para casos de uso e indústrias do mundo real, incluindo moda, ativações de marca e pós-compra, experiência do cliente (por exemplo, eventos, clubes), POAP (Prova de Presença), Prova de Propriedade Física, transações financeiras, verificações e muito mais.

Quais são as recompensas oferecidas aos visitantes que escaneam a placa anexada à obra "Um Mar de Esperança" usando seus smartphones?

Adams: Estamos em tratativas com a Bolsa do Café para que os visitantes que visitarem o mural possam resgatar um item com desconto, mas ainda não está finalizado. 

Como a ITEM Systems está colaborando com negócios locais em Santos para oferecer recompensas através da tecnologia blockchain?

Adams: Há diversos comércios locais interessados em participar, mas ainda estamos em fase de testes, por isso só podemos realizar a ação com um negócio de cada vez. No futuro, planejamos expandir a operação, conectando todos os pontos turísticos da cidade com bares, restaurantes e lojas, criando uma experiência inédita de fomento ao turismo e economia locais.  

Qual é o potencial da tecnologia blockchain para revitalizar e promover o comércio local em cidades brasileiras?

Adams: O potencial é enorme. Com uma pequena recompensa –seja um desconto, brinde ou experiência diferenciada– negócios locais podem atrair mais clientes e gerar tráfego para regiões específicas de cidades. Em nosso piloto em Denver, no Colorado, EUA, instalamos placas NFI em 17 murais do festival de arte de rua Denver Walls e realizamos uma promoção em parceria com uma cervejaria local. Quem tivesse 2 check-ins poderia resgatar uma cerveja grátis na compra de outra. A oferta foi um sucesso, gerando mais vendas e uma exposição nas redes sociais com mais de 500 mil visualizações da promoção. Muitas pessoas foram conhecer os murais porque viram outras pessoas comentando online sobre o resgate da cerveja grátis, gerando um fluxo de mais de 158 mil pessoas na região chamada RiNo Art District

Como a ITEM Systems garante a segurança e a privacidade das transações realizadas através de sua plataforma blockchain?

Adams: O chip NFI é um design proprietário, desenvolvido pela ITEM Systems, que possui um chip NFC seguro que contém uma chave-mestre privada. Isso significa que nem nós da ITEM Systems temos acesso a ela. Toda a comunicação do item físico com a blockchain é criptografada, garantindo 100% de confidencialidade e segurança. Além disso, tudo o que está na blockchain é público e pode ser verificado a qualquer momento, sendo assim, a propriedade de um item vinculado à tecnologia NFI pode ser confirmada por qualquer pessoa, caso necessário. Aplicando ao caso das placas, é possível atestar com 100% de certeza que determinada pessoa esteve de fato visitando aquele mural, pois a placa comunica criptograficamente que aquele aparelho único esteve lá. 

Que tipo de parcerias a ITEM Systems está buscando estabelecer no Brasil para ampliar o alcance de sua tecnologia?

Adams: Estamos conversando inicialmente com prefeituras e galerias de arte. 

Qual é a visão da ITEM Systems sobre o futuro da tecnologia blockchain no Brasil e suas possíveis aplicações em diferentes setores?

Adams: O Brasil é extremamente receptivo a novas tecnologias e adota rapidamente inovações que propiciem um benefício real. O público brasileiro já é bastante presente no mundo da Web3 e acreditamos que a tecnologia NFI vai ajudar a levá-la para ainda mais pessoas, uma vez que a experiência desenhada por nós requer quase zero familiaridade com Web3. A possibilidade de aplicações é enorme. Estamos agora em testes para a integração de NFI em roupas e acessórios, por meio da tag NFI. 

Como a ITEM Systems está trabalhando para superar as barreiras de adoção da tecnologia blockchain no mercado brasileiro?

Adams: Não acreditamos que adoção será um problema, já que nossa filosofia é justamente desenvolver uma usabilidade tão fácil que a pessoa nem precisa saber que está interagindo com a blockchain. 

Como a ITEM Systems mede o impacto e o sucesso de suas iniciativas no Brasil, como o projeto "Um Mar de Esperança"?

Adams: Temos total acesso aos dados de cada placa instalada ao redor do mundo. Sendo assim, poderemos ter dados em tempo real do número de visitantes, conversões de escaneamentos para resgate de benefícios e poderemos compartilhar os metadados (sem identificação de ninguém, somente as tendências e índices) com os negócios locais, para que eles possam também melhorar suas ofertas e atrair mais clientes.  

Quais são os planos da ITEM Systems para se adaptar às especificidades do mercado brasileiro, como regulamentações e costumes locais?

Adams: Para nossa sorte, a ITEM Systems tem uma alma metade americana, metade brasileira. Um de nossos co-fundadores, Guil Machado,é brasileiro. Além disso, Daniel Fioravante (diretor de marketing) e Thiago Balducci (novos negócios) também são brasileiros. Sendo assim, temos bastante conhecimento dos costumes e especificidades do mercado brasileiro.

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