Getty Images/iStockphoto

O caos na nuvem sufoca a inovação!

O que começou como uma alternativa ao aprisionamento tecnológico e uma tentativa de diversificar riscos, muitas vezes resultou em ambientes descoordenados, políticas fragmentadas e operações dispersas. Mas o verdadeiro problema não está na multicloud mais na forma como ela é implementada.

Durante anos, o termo multicloud foi vendido como o caminho natural para a inovação e para atender a demandas variadas das organizações com flexibilidade. Na prática, no entanto, para muitos CIOs, ela (a multinuvem)  se tornou sinônimo de complexidade. O que começou como uma alternativa ao aprisionamento tecnológico e uma tentativa de diversificar riscos, muitas vezes resultou em ambientes descoordenados, políticas fragmentadas e operações dispersas.

Mas o verdadeiro problema não está na multicloud em si. Está na forma como ela é implementada. Tratar múltiplas nuvens como silos isolados é uma receita para o caos. E o caos, como sabemos, sufoca a inovação.

A saída não é voltar atrás, mas sim avançar com mais clareza, planejamento e gestão. A diferença entre uma arquitetura multicloud disfuncional e uma estratégia multicloud bem-sucedida está no modelo operacional adotado. Em vez de lidar com ferramentas, equipes e interfaces diferentes para cada provedor, é possível unificar tudo isso sob uma estrutura comum. Um plano de controle único, com ferramentas compartilhadas e políticas padronizadas, transforma a complexidade em coerência e bom-senso.

Essa transição não é apenas uma questão técnica — é uma virada cultural. Quando bem conduzida, ela traz benefícios tangíveis à toda a organização. Desenvolvedores, por exemplo, ganham agilidade ao implantar aplicações sem retrabalho. Equipes de infraestrutura deixam de ser generalistas sobrecarregados e passam a operar com mais foco e eficiência. Os gerentes, por sua vez, conquistam previsibilidade para planejar, controlar custos e tomar decisões com mais confiança.

Para o CIO, o impacto é ainda mais profundo. Um ambiente multicloud integrado permite uma visão clara da operação digital, facilita o gerenciamento de riscos e fortalece a governança. Mais do que isso, posiciona a área de TI como agente estratégico do negócio — capaz de responder rapidamente às demandas de crescimento, inovação e transformação digital com maior controle.

No entanto, é preciso reconhecer: fazer esse modelo funcionar exige mais do que tecnologia. É preciso estrutura, comunicação e, principalmente, liderança. Muitas empresas bem-sucedidas nessa jornada adotaram o conceito de equipes de plataforma centralizadas, responsáveis por governar a arquitetura multicloud como um produto. Isso libera as demais equipes para inovar com autonomia, sem comprometer os padrões e a segurança.

Cabe ao CIO liderar essa mudança. Ele tem a autoridade para alinhar orçamentos, romper silos e garantir que todos entendam a direção e os benefícios da transformação digital. O desafio é grande, mas a oportunidade é maior ainda. A multicloud não vai desaparecer — ao contrário, será cada vez mais a norma. A diferença estará entre as empresas que continuam operando com ilhas desconectadas e aquelas que fazem dessas nuvens um sistema coeso, inteligente e estratégico.

Porque, no fim, o objetivo não é simplesmente usar muitas nuvens. É fazer com que muitas nuvens funcionem como uma só. Esse é o verdadeiro poder da multicloud — e é esse o papel de liderança que os CIOs precisam assumir agora.

Sobre o autor: Leonel Oliveira é diretor geral da Nutanix Brasil.

Saiba mais sobre Estratégias de TI