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Atenção: empresas que nascem na nuvem não são de fato seguras

Pequenas, digitais e possivelmente vulneráveis: o que o Dia Mundial das PMEs nos ensina sobre a falsa sensação de segurança?

No dia 27 de junho, celebramos o Dia Mundial das Pequenas e Médias Empresas (PMEs), uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reconhecer o papel vital que essas organizações desempenham na economia global.

Responsáveis por uma importante parcela da geração de empregos e inovação, as PMEs são hoje parte essencial do setor empresarial do Brasil e do mundo. Mas, apesar de sua relevância, elas continuam vulneráveis, especialmente quando o assunto é cibersegurança.

Vivemos uma era em que boa parte das PMEs já nasce digital, e muitas delas já nascem na nuvem. São empresas ágeis, modernas e com processos cada vez mais apoiados em soluções digitais escaláveis. Software como Serviço (SaaS) para vendas, sistemas de Gestão de Relacionamento com o Cliente (CRM) na nuvem, sistemas financeiros acessados de qualquer lugar, a infraestrutura que antes era privilégio de grandes corporações hoje está ao alcance de empresas com menos de 50 funcionários. Isso é, sem dúvida, um avanço que devemos celebrar. Mas, junto com essa comodidade, existe um risco silencioso: a falsa sensação de segurança.

Existe uma crença equivocada de que, por estar "na nuvem", o dado está automaticamente protegido. Afinal, se o sistema está sendo operado por um grande provedor global, com data centers modernos e criptografia de ponta, por que eu, empreendedor de uma PME, deveria me preocupar com proteção de dados? A resposta está no próprio modelo de operação das soluções em nuvem: a responsabilidade é compartilhada.

Responsabilidade compartilhada significa que o provedor garante a infraestrutura, mas a responsabilidade pela integridade e recuperação dos dados é sua. Se um funcionário da sua empresa for vítima de um ataque de phishing e apagar dados críticos, ou se um ransomware bloquear seus arquivos armazenados no ambiente de colaboração em nuvem, a recuperação desses dados pode não estar contemplada pela plataforma. E, se estiver, muitas vezes envolve processos demorados, parciais e sem acordo de nível de serviço (SLA) garantido.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Microsoft em parceria com a Bredin, 31% das PMEs já foram vítimas de ciberataques, como ransomware, phishing ou vazamentos de dados. Um número preocupante, especialmente quando se considera que muitas dessas empresas ainda acreditam em mitos equivocados que ampliam ainda mais sua exposição. Algumas acreditam que são pequenas demais para serem alvos, enquanto outras confundem conformidade com segurança. Ambas as visões são perigosas e precisam ser fortemente desencorajadas.

O impacto de um ataque vai muito além do prejuízo financeiro imediato. Para uma PME, perder a confiança de clientes após um incidente de segurança pode significar o fim da linha. Estudos mostram que o tempo de recuperação após um ataque pode variar de um dia a mais de um mês, e cada dia parado representa perda de faturamento, de credibilidade e de oportunidades futuras.

Ainda de acordo com o mesmo estudo, apesar de tantos riscos, menos de 30% das PMEs gerenciam a segurança internamente. A maioria confia em consultores externos ou parceiros de tecnologia, o que pode ser uma escolha estratégica, mas que requer atenção. Afinal, o uso crescente da inteligência artificial (IA) no ambiente corporativo só aumenta a complexidade do cenário: 81% das PMEs já reconhecem que a IA amplia a necessidade de controles de segurança adicionais.

Neste contexto, é urgente falar sobre proteção de dados, e não qualquer proteção, mas uma estratégia em nuvem dedicada, pensada para o contexto das pequenas e médias empresas. Isso significa escolher soluções que automatizam rotinas de cópias de segurança, que armazenam versões anteriores dos arquivos, que possibilitam a restauração rápida e granular dos dados e que, acima de tudo, estejam alinhadas com as particularidades do seu ambiente de negócio. Estudos comprovam que, organizações que priorizam a resiliência de dados podem se recuperar de ataques até sete vezes mais rápido e experimentar taxas de perda de dados significativamente menores.

Na prática, isso envolve responder a perguntas básicas, mas fundamentais nos dias atuais:

  • Se meus dados forem apagados hoje, quanto tempo eu levo para restaurá-los?
  • Tenho uma cópia segura e independente dos arquivos mais importantes da empresa?
  • Quem na equipe sabe como restaurar sistemas e dados em caso de ataque ou falha?

Muitas PMEs descobrem a resposta para essas perguntas tarde demais, quando já perderam contratos, clientes e tempo. Por isso, o melhor momento para investir em proteção de dados é agora! A boa notícia é que existem soluções acessíveis, escaláveis e simples de implementar, mesmo para empresas com recursos limitados. E mais do que uma despesa, isso deve ser visto como um investimento essencial à continuidade do negócio.

A comemoração do Dia Mundial das PMEs é uma oportunidade para reconhecer conquistas, mas também para refletir sobre os desafios que ainda enfrentamos. Garantir a segurança dos dados não é luxo, é uma necessidade genuína de toda organização que deseja prosperar. Na economia digital, proteger a informação é proteger o próprio futuro do negócio. Portanto, se a sua empresa nasceu na nuvem, ela também tem a responsabilidade, e a obrigação, de protegê-la.

Sobre a autora: Roberta André é gerente de vendas da Veeam Software

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