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O Brasil recebe Wi-Fi 6 atribuindo bandas de 5 a 7 Ghz

O Wi-Fi 6 foi projetado para lidar com o tráfego de dados sem fio muito mais intenso em aplicativos como realidade virtual, realidade aumentada, streaming de conteúdo 8k e conexões entre computadores que trocam grandes quantidades de dados.

No dia 30 de setembro 2020, foram comemorados 21 anos do lançamento do padrão 802.11b, uma tecnologia que mudou para sempre a forma como acessamos a internet e diversos aparelhos.

E nessas duas décadas é inquestionável que o uso de redes sem fio mudou radicalmente a vida das pessoas. Você já pensou no que seria de nós se a pandemia de COVID-19 tivesse ocorrido em um momento sem a tecnologia atual? Muitos dos serviços que ajudaram a resolver diversos problemas da atual crise global foram resolvidos por conexões sem fio e, principalmente, pelo uso de wi-fi.

Lembremos que o surgimento do Wi-Fi possibilitou a conexão sem fio entre dispositivos eletrônicos, ofereceu aos usuários uma liberdade de conexão sem precedentes, menores custos e possibilidades inovadoras tanto para consumidores quanto para empresas.

De acordo com as projeções da empresa Cisco, o tráfego de IP fixo/Wi-Fi no Brasil chegará a 2,8 Exabytes (EB) por mês em 2022, ante 1,5 EB por mês em 2017, calculando uma taxa de crescimento anual composta de 13%. a tecnologia sem fio alcançará 54,4% do tráfego total da internet em 2022.

Conectividade regulamentada

Desde o seu lançamento, a indústria passou por várias gerações e o padrão mais recente (802.11ax ou Wi-Fi 6) já está disponível, o que representa um avanço em termos de velocidade e latência, capacidade, confiabilidade e eficiência energética.

Nesse sentido, a Anatel (agência que regula as telecomunicações no Brasil) aprovou em maio passado a revisão do Regulamento de Equipamentos de Radiocomunicação de Radiação Restrita para incluir a possibilidade de utilização de faixas de frequência destinadas a equipamentos Wi-Fi. Fi 6. Estas são as faixas de 5,925 GHz a 7,125 GHz.

A tecnologia Wi-Fi 6 é baseada no padrão IEEE 802.11ax e usa espectro não licenciado, o que significa que não há necessidade de uma operadora de banda. Isso permite que os próprios usuários configurem sistemas domésticos ou de curto alcance, como é o caso hoje com sistemas W-Fi operando nas bandas de 2,4 GHz e 5 GHz.

Mas o Wi-Fi 6 foi projetado para lidar com tráfego de dados sem fio muito mais intenso em aplicativos como realidade virtual, realidade aumentada, streaming de conteúdo 8k e conexões entre computadores que trocam grandes quantidades de dados, como dispositivos médicos ou videoconferência.

Outra vantagem é a possibilidade de definir os níveis de qualidade de serviço e a prioridade do tráfego, além de uma grande largura de banda de operação (1,2 GHz), que permite velocidades acima de 10 Gbps.

A decisão da Anatel está alinhada com o que está sendo feito nos EUA e foi importante, pois antecipou uma decisão que poderia ficar pendente até 2023, quando a Conferência Mundial de Radiocomunicações da UIT deverá decidir sobre o uso da banda de 7 GHz para 5G.

Mas o lançamento do equipamento Wi-Fi 6 no Brasil não acontecerá de imediato. A razão? A Anatel tem condições para o uso da banda, entre as quais estão a coexistência com outros serviços na mesma banda, prioridade de acesso, limites de potência, etc.

O órgão governamental também destaca a importância do Wi-Fi 6 como alternativa de baixo custo para promover a conectividade, reduzindo o gap digital existente na sociedade brasileira, mas, ao mesmo tempo, como forma de baratear as conexões de internet das redes 3G e 4G, permitindo o download do tráfego gerado pelas conexões SMP (serviços móveis) e tornando esse serviço economicamente viável para os consumidores, além de abrir caminho para novas aplicações de realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR), que permitirão novos possibilidades de uso, por exemplo, na área de assistência médica, diagnósticos, visualizações e monitores para cirurgia remota, treinamento para emergências pediátricas, imersão, entretenimento em shows e eventos, assistência técnica remota e treinamento para profissões de risco como mineração e busca e resgate, sem esquecer a internet de coisas (IoT).

Benefícios do Wi-Fi 6

Velocidade mais rápida – O desempenho da rede é até quatro vezes mais rápido do que o Wi-Fi 5, que usa o padrão 802.11ac. Utilizando modulação 1024 QAM e MU-MIMO com até oito fluxos, o Wi-Fi 6 permite uma velocidade teórica de até 9,6 Gbps em canais de 160 MHz.

Maior capacidade – O MU-MIMO pode ser utilizado nos dois sentidos, ou seja, também no sentido de comunicação do cliente para o ponto de acesso e com suporte para até 8 clientes simultâneos, enquanto o OFDMA, técnica amplamente utilizada em redes LTE, permite que mais usuários se comuniquem simultaneamente em seus próprios "subcanais", proporcionando maior eficiência de rede.

Maior resistência – Wi-Fi 6 foi construído para reduzir a interferência de outras redes sem fio, trabalhando mais com programação do que contenção, graças a uma técnica chamada BSS Coloring, na qual os dispositivos podem ajustar automaticamente parâmetros como potência de transmissão e sensibilidade de recepção para coexistir no mesmo canal e tornar o espectro ainda mais eficiente. Ele também melhora o desempenho de conexões externas, reduzindo o impacto de reflexos tardios com símbolos OFDM de maior duração.

Menor consumo de energia – Com o crescimento da IoT, o consumo de energia se tornou uma preocupação crítica. O Wi-Fi 6 incorpora uma técnica chamada Target Wake Time (TWT), em que os dispositivos podem agendar períodos de comunicação e espera de baixa energia durante esse período de espera.

Um novo capítulo

Wi-Fi é a tecnologia mais universal, mas era inviável para muitos tipos de dispositivos devido ao seu maior consumo de energia em comparação com outras tecnologias (por exemplo, Bluetooth). Com o Wi-Fi 6, começa um novo capítulo no crescimento e universalização da IoT, no Brasil e no mundo. A maioria dos projetos de negócios de IoT no mundo está relacionada a verticais da indústria e cidades inteligentes, mas outras verticais estão ganhando cada vez mais espaço e o Wi-Fi 6 acelerará ainda mais esse movimento.

A tecnologia wireless é utilizada por uma grande variedade de dispositivos nos mais diversos espaços. No entanto, por ter espectro finito e não licenciado, seu desempenho piora à medida que o número de usuários aumenta. Como essa compatibilidade reduz o desempenho da rede como um todo, os gaps definidos nas bandas de 2,4 GHz e 5 GHz são muito restritos. Com a introdução da faixa operacional de 6 GHz, um novo espaço se abre para que mais dispositivos se comuniquem.

Nos Estados Unidos, a Federal Communications Commission (FCC) definiu 1.200 MHz para a banda de frequência de 6 GHz, a maior abertura de espectro desde 1989. Da mesma forma, no Brasil, foram publicados acréscimos à regulamentação de equipamentos de rádio. Vale lembrar que a banda de frequência de 6 GHz no Brasil foi atribuída para uso em outras aplicações, como televisão e satélite. Com a Resolução 726, a agência seguiu a posição da FCC e confirmou a liberação da faixa de frequência de 5,925 a 7,125 GHz (1.200 MHz de largura) para radiação restrita.

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