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Especialistas comentam temas de destaque do MWC Barcelona 2022

Em encontro virtual, especialistas brasileiros que participaram do último Mobile World Congress debateram as novas tendências no setor de telecomunicações, impulsionadas em grande parte pelo 5G.

O evento "Pós-MWC Barcelona", promovido pela plataforma Futurecom, retomou as principais discussões do MWC, por meio de apresentações e debates em torno do 5G e suas possíveis aplicações e modelos de negócio. Foram abordados ainda temas como sustentabilidade, Open RAN e a relação entre as redes privadas 5G e as redes Wi-Fi.

Aplicações do 5G em diversos setores econômicos

Na primeira parte do evento, a diretora de relações institucionais para o Sul da América Latina da Ericsson, Jacqueline Lopes, afirmou que um tópico central durante o MWC foi o papel do 5G para a transformação digital de diferentes indústrias e países, com a seguinte ressalva: "essa transformação não está limitada ao segmento de telecomunicações. Ela vai além, engloba setores de agricultura, indústria, segurança e saúde".

Isso significa dizer que o 5G terá impactos industriais, devido aos sensores e outros dispositivos de inteligência artificial que proporcionarão um aumento de segurança e produtividade, mas também em outros segmentos, ainda que de forma indireta. Jacqueline citou a agricultura como exemplo, já que os dispositivos dotados dessa nova tecnologia proporcionarão melhorias na logística e no transporte da produção, facilitando, assim, sua exportação.

Também foi tema de destaque no MWC a tecnologia "fixed wireless access" (acesso fixo sem fio), uma importante aplicação do 5G, que consiste no fornecimento de banda larga sem fios, com o uso de ondas de rádio para transmitir dados entre dois ou mais pontos. "Essa aplicação, que já tem sido bastante demandada e aplicada em países de grande extensão geográfica, como Estados Unidos e Austrália, permite conectar regiões que são mais remotas. É uma aplicação muito interessante, que tende a ganhar escala no Brasil", avaliou Jacqueline.

Outro setor que será impactado pelo 5G é a educação, conforme enfatizou Francisco Soares, vice-presidente de relações governamentais para América Latina da Qualcomm: "falou-se no MWC sobre tecnologias baseadas em 5G que estão surgindo e apoiarão, por exemplo, a área de educação, tema que vem sendo bastante discutido no Brasil, principalmente durante a pandemia, quando a necessidade de conectividade nessa área se mostrou muito evidente".

No entanto, o especialista pontuou que garantir conectividade aos estudantes não é suficiente, também é necessário investir em hardware (ou seja, equipamentos), como laptops que independem da rede Wi-Fi e se conectam de forma automática ao 4G ou ao 5G a partir de SIM cards. "Levar conectividade à escola é coisa do passado. O importante agora é levar conectividade ao aluno, para que ele possa acessar essas ferramentas em qualquer hora e lugar, mesmo se estiver em uma região sem Wi-Fi", resumiu Francisco.

Porém antes de o 5G ser amplamente empregado nesses diversos setores econômicos, alguns desafios e etapas deverão ser superados, como notou Marcelo Motta, diretor de cibersegurança e soluções na Huawei Brasil. De início, será preciso efetuar a migração dos usuários do 4G para o 5G, processo que pode ser lento, por demandar a construção de novas redes e terminais e a ampliação das redes 5G existentes. Após essa etapa inicial, será necessário ainda gerenciar o crescimento de tráfego a fim de garantir o bom funcionamento da rede.

Eficiência energética das redes 5G e Open RAN

Marcelo explicou também que, embora o uso do 5G gere um volume de dados maior, a rede continua sendo eficiente do ponto de vista energético, pois demanda menos energia do que o 4G, vantagem também observada nos equipamentos 5G.

A eficiência energética do 5G é um aspecto relevante, tendo em vista o protagonismo adquirido pelas ESG nos últimos anos (sigla em inglês para "Environmental, Social and Governance"), que são as boas práticas ambientais de empresas ou entidades.

Segundo os especialistas, a associação entre o 5G e o Open RAN pode ser benéfica em situações que exigem altas taxas de transferências de dados. O Open RAN é uma arquitetura de rede que gera um ecossistema aberto de provedores a partir do uso de hardware, software e interfaces abertas, que são interoperáveis.

"O Open RAN veio para ficar, no entendimento da Qualcomm. Ele ajudará a agilizar os processos do 5G, mas para que isso ocorra, serão necessários investimentos", salientou Francisco.

Complementaridade entre redes 5G e wi-fi

Para Ari Lopes, gerente sênior da OMDIA, um tópico que chamou a atenção durante o MWC Barcelona foi a relação entre as redes privadas 5G e o Wi-Fi. "Teremos cenários cada vez mais comuns de complementaridade e alguns de competição entre as duas tecnologias", comentou o especialista.

Na mesma linha de raciocínio, Jacqueline explicou que o 5G e o Wi-Fi são complementares porque as aplicações dessas redes são distintas: "por exemplo, no caso de aplicações como as cirurgias remotas, que exigem alta precisão, o 5G tem uma característica técnica mais adequada do que o Wi-Fi". Dessa forma, o 5G pode suprir as fraquezas do Wi-Fi em determinados casos de uso, e vice-versa.

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