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Brasil aposta nos apps de cashback e os serviços dos bancos digitais em 2022

Cashback é o modelo que fez muito sucesso em 2021. Também aumentou o acesso à internet e cresce a demanda por serviços de compras online e banca digital.

2022 começou com grandes dúvidas não só por causa do avanço da variante Omicron do COVID-19, mas também da alta inflação no país, a demora na vacinação de crianças e todas as consequências que isso pode trazer tanto social quanto economicamente.

Com tudo cada vez mais caro, os brasileiros têm buscado formas de economizar o máximo possível, e as empresas estão atentas a essa necessidade. Muitas delas apostaram no desenvolvimento de aplicativos que possibilitem o ganha-ganha, e o modelo que fez muito sucesso em 2021 —e possivelmente continuará fazendo este ano— é o cashback.

O que é cashback?

Em inglês, “cashback” significa, literalmente, “dinheiro de volta”. O termo foi criado em 1998 pela empresa Ebates, e o seu funcionamento é muito simples: o consumidor faz uma compra e recebe de volta parte do valor gasto. É importante deixar claro que cashback não significa desconto: o usuário paga o valor total da compra, mas depois recebe de volta uma parcela do que gastou. Geralmente o dinheiro é devolvido na forma de bônus para gastar na própria loja ou app, ou de crédito em conta corrente.

Os aplicativos conquistam a preferência dos usuários

De acordo com a nova edição da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps no Brasil, que foi realizada de forma online entre 10 e 20 de novembro de 2021 e entrevistou 2.036 brasileiros, aplicativos como AME, Livelo e Smiles subiram de patamar no Radar de Popularidade de Apps enquanto Latam Pass, Oktoplus, Meliuz e Shell Box estrearam no gráfico que aponta os aplicativos mais presentes na tela inicial do smartphone brasileiro, a home screen.

Os organizadores da pesquisa destacam o crescimento contínuo do PicPay e do Telegram, que pela primeira vez superaram a barreira de presença na home screen de 10% ou mais dos smartphones nacionais. O Picpay tem investido bastante no crescimento da sua base, enquanto se prepara para o seu IPO, além de ter adquirido o GuiaBolso na metade de 2021. Já o Telegram vem se consolidando como uma alternativa ao WhatsApp para quem deseja criar ou entrar para grupos ou canais com número ilimitado de participantes, já que esta é uma das limitações do rival.

A retomada dos voos e o retorno do brasileiro aos aeroportos também explica a entrada no Radar dos apps da Azul, da Latam Airlines e do Latam Pass, embora, com a presença da variante Omicron, essa tendência posa ser revertida no primeiro trimestre de 2022.

O fortalecimento dos serviços de streaming

Em um ano, subiu de 56% para 64% a proporção de brasileiros com smartphone que assinam pelo menos um serviço de streaming de filmes e séries. A liderança ainda é do pioneiro Netflix (com 81%), mas Amazon Prime Video (46%), Disney+ (21%) e Globoplay (20%) já possuem bases consideráveis, como demonstra a nova edição da pesquisa. O estudo também apurou que a exclusividade dos títulos em cada catálogo acaba levando dois em cada três brasileiros a assinar mais de um serviço. Apenas 35% dos usuários se restringem a um único serviço e, no outro extremo, 20% declaram assinar quatro ou mais.

Outras descobertas da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps

  • O Messenger teve a maior perda de participação na tela inicial do smartphone dentre todos os apps monitorados, com diminuição de 7 pontos percentuais em um ano;
  • TikTok e Kwai registraram queda significativa em seis meses
  • 57% dos brasileiros com smartphone ativam notificações para todos os apps de bancos e de contas de pagamento em seus smartphones

Banca digital

Com a pandemia, o receio de se expor a uma possível contaminação ao se dirigir a uma agência bancária tradicional fez cair consideravelmente a procura por esses serviços. Por outro lado, aumentou o acesso à internet e cresce a demanda por serviços de compras online e banca digital.

Os bancos digitais aumentaram o acesso da população brasileira a produtos financeiros, com destaque para a parcela de baixa renda. Atualmente, 19% dos brasileiros têm conta em bancos digitais e 30% deles estão nas classes D e E. É o que revela pesquisa divulgada pelo Instituto Locomotiva, feita com 1.519 brasileiros com 18 anos  ou mais entre 27 de outubro e 7 de novembro do ano passado.

Além de fazer crescer o mercado das fintechs (empresas que oferecem serviços financeiros), isso mudou o perfil desse público: praticamente, um terço de quem tem conta em fintechs vem das classes D e E.

O PIX é o rei

Faz uma TED para mim? Esta frase, tão comum até 2020, está prestes a entrar para o museu das finanças, ao lado do talão de cheques.

Isto porque a famosa ferramenta de transferência foi, juntamente com o DOC, fortemente afetada pelo PIX, o modelo instantâneo de pagamentos criado pelo Banco Central, o PIX.

O PIX está democratizando o acesso aos pagamentos eletrônicos e trazendo novos usuários para o sistema financeiro, desempenhando um papel importante na inclusão financeira. Ele facilitou a entrada de neobancos, está mudando o comportamento do consumidor e pressionando as receitas dos bancos tradicionais, principalmente as taxas de conta corrente, apontam os analistas do Bank of America em um relatório enviado a seus clientes.

Este relatório revela 10 pontos básicos que reforçam a importância do PIX para o mercado brasileiro:

1 – Após um pouco mais de um ano desde o seu lançamento, em novembro de 2020, as transações superaram R$ 4,6 trilhões.

2 – Já são 110 milhões de pessoas (70% da população adulta) e 8 milhões de empresas cadastradas.

3 – Os efeitos do Pix estão claros nas tarifas de conta corrente dos bancos, que caíram 5% até setembro de 2021.

4 – Além disso, quando se leva em consideração a base de clientes atuais, a receita por cliente diminuiu 11% ano a ano.

5 – Os usuários, em média, realizam 11 transações por mês, com valor médio de R$ 500.

6 – As transferências por TED e outros (DOC e cheques) caíram 50% e 38%, respectivamente, desde a chegada do PIX.

7 – As empresas adotaram o PIX rapidamente e as transações entre companhias já representam 35% do volume.

8 – A presença no PIX nas transações entre pessoas e empresas ainda é baixa, mas está crescendo aos poucos: hoje elas representam 17% do total de transações do PIX e apenas 10% do volume.

9 – Os saques em dinheiro por meio do PIX em varejistas podem beneficiar bancos com melhor eficiência, pois as despesas com logística de caixa e segurança somam cerca de R$ 10 bilhões ao ano.

10 – Os bancos digitais estão oferecendo contas correntes sem taxas, e o PIX permite transferências de dinheiro sem custo, tornando a mensalidade que os bancos tradicionais cobram por ter uma conta sem propósito.

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