beebright - stock.adobe.com

5G chegará ao Brasil em 2022 e vai proporcionar ao país um grande salto tecnológico

O 5G SA promete um tempo de resposta quase que instantâneo, o que possibilitará o avanço de tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina. No Brasil não será diferente, e 5G continuará sendo muito importante, principalmente em regiões mais remotas.

O dia 5 de novembro de 2021 vai entrar para a história como o ponto de partida para a implementação da quinta geração de acesso à internet móvel no Brasil, popularmente conhecida como 5G. A data marcou o encerramento do leilão do 5G, promovido pela a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e arrecadou um total de R$47,2 bilhões. Apesar de impressionante, o valor ficou abaixo dos 49,7 bilhões esperados pelo governo, principalmente devido à falta de interessados em alguns dos lotes.

Quinze empresas foram habilitadas pela Anatel para participar da disputa, sendo cinco delas operadoras de telefonia e de dados móveis e dez provedoras de internet. A faixa de 3,5 GHz, que permite levar ao consumidor final a internet mais rápida disponível no mundo, foi  a mais disputada, e acabou ficando nas mãos das três gigantes da telefonia móvel brasileira: Claro, Telefônica (dona da marca Vivo) e TIM.  A Claro desembolsou cerca de R$418 milhões; a Vivo, pouco mais de R$500 milhões; e a TIM, R$431 milhões.

Para levar o filé mignon do leilão, no entanto, as três empresas de telefonia tiveram que assumir algumas contrapartidas, que incluem a expansão para 13 mil quilômetros da extensão de cabos de fibra ótica na região Norte; a construção da Rede Privativa de Comunicação da Administração Pública Federal, para sustentação dos serviços de governo; e a “limpeza” da faixa que, no momento, é a responsável pela transmissão de TV via parabólica —os usuários de parabólicas terão que ser migrados para faixas entre 10,7 GHz e 18 GHz.

No âmbito regional, houve surpresas. Brisanet, o maior provedor de internet do Nordeste, arrematou por R$1,250 bilhão o controle do lote da região onde atua. O ágio foi de 13.741%, o maior de todo o leilão. A empresa ainda conseguiu estender sua rede de atuação para o Centro-Oeste, com mais R$105 milhões de lance.

O Consórcio 5G Sul, formado pelos provedores Unifique e Copel Telecom, por sua vez, travou uma disputa lance a lance com a Mega Net pela faixa de 3,5 GHz da região Sul. Acabou levando a conceção com um lance de R$73,6 milhões.

O lote adicional de 700 MHz ficou com a Winity II Telecom, do fundo de Infraestrutura Pátria Investimentos, que ofereceu R$ 1,427 bilhão —o valor representa um ágio de 805% sobre o preço mínimo. Com isso, a Winity II tornou-se a mais nova prestadora nacional de serviços móveis.

Entre os lotes que não receberam lances –e que fizeram com que o valor arrecadado no leilão ficasse abaixo da expectativa do governo brasileiro– estão alguns na faixa de 26 GHz, um lote nacional na faixa de 3,5 GHz e um lote regional da faixa de 2,3 GHz.

Quatro leilões em um

Segundo Leonardo Euler Morais, que terminou seu mandato como presidente da Anatel justamente no primeiro dia de disputa, foram "quatro leilões em um", considerando o número de faixas disponíveis.

Parte das frequências arrematadas serão usadas, a princípio, para o 4G e são uma espécie de "sobra" de outra licitação. É o caso, por exemplo, da faixa de 700 MHz.

Em 2014, Tim, Claro e Vivo arremataram porções do espectro que já estão sendo usadas para oferecer 4G com maior alcance —o modelo inicial adotado no país era o que operava na faixa dos 2,5 GHz.

Para o 5G comercial serão usadas as faixas do 3,5 GHz e de 26 GHz. Esta última é chamada de faixa milimétrica e oferece alta capacidade de transmissão, o que inclui também maior velocidade.

Vivo e Claro, que arremataram a parcela nacional do 26 GHz, terão como contrapartida que levar internet de qualidade para escolas públicas.

Compreendendo o atual ecossistema da rede 5G no Brasil

Muita gente está se perguntando como é possível a Anatel realizar um leilão de 5G se a tecnologia já está sendo oferecida por algumas operadoras. A explicação está na forma como o 5G é utilizado.

A conexão 5G disponível hoje em algumas cidades brasileiras utiliza a tecnologia 5G DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, da sigla em inglês), que não é considerada o 5G "puro". Ela é, na verdade, uma transição entre a quarta e a quinta geração da rede, mas leva o nome 5G porque é baseada em um protocolo de comunicação definido pelo consórcio 3GPP, que reúne empresas responsáveis pela padronização global das tecnologias móveis.

Na prática, essa rede usa as mesmas frequências do 4G com uma velocidade maior, mas, nos aparelhos compatíveis aparece a informação de que trata-se de uma conexão 5G.

O 5G DSS entrega velocidades um pouco superiores a 17,1 Mbps, que é a média da velocidade do 4G brasileiro, segundo um relatório da consultoria Opensignal, de maio de 2021. E hoje ele só está disponível em alguns bairros de poucas cidades Brasileiras.

Para poder aproveitar o verdadeiro potencial do 5G, que, segundo as operadoras, vai permitir downloads com velocidade de até 500 Mbps (megabits por segundo), os brasileiros vão precisar esperar pela instalação de uma nova infraestrutura, baseada no 5G SA (standalone, ou autossuficiente).

A previsão é de que, até meados de 2022, a rede 5G SA esteja disponível em todas as capitais brasileiras. E como ela tem baixa latência, deve permitir, entre outras coisas, uma melhor comunicação nas chamadas de vídeo.

A latência é a grande responsável por aqueles pequenos atrasos que acontecem nas comunicações por vídeo, que obrigam o usuário a esperar alguns segundos até que a pessoa do outro lado da linha consiga ver e ouvir que foi dito.

O 5G SA promete um tempo de resposta quase que instantâneo, o que possibilitará o avanço de tecnologias como os carros autônomos e a telemedicina. Cirurgias feitas remotamente, por exemplo, serão mais confiáveis quando a rede oferecer um tempo de resposta mínimo.

Por enquanto, são poucas redes 5G SA ao redor do mundo e mesmo as regiões que contam com essa opção utilizam a tecnologia DSS para dar apoio à infraestrutura inicial da nova rede, segundo a consultoria Opensignal. No Brasil não será diferente, e, mesmo com a chegada do 5G SA,  o 5G DSS continuará sendo muito importante, principalmente em regiões mais remotas.

Saiba mais sobre Redes sem fio e móveis

ComputerWeekly.com.br
ComputerWeekly.es
Close