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Uma infraestrutura digital modernizada é essencial para uma cadeia de abastecimento resiliente

As novas tecnologias representam tanto uma oportunidade quanto um desafio. Para aproveitar todo esse potencial, os fabricantes precisarão capturar, armazenar, processar e compartilhar grandes quantidades de dados em um ecossistema digital de parceiros e fornecedores.

A indústria manufatureira está em estado de fluxo: mais do que nunca, os clientes esperam bens mais inovadores, mais personalização em escala e entregas rápidas ou até mesmo no dia seguinte. Essas expectativas criaram uma pressão inédita nas cadeias globais de fornecimento de bens industriais. Os fabricantes precisam ser resilientes e ágeis, não apenas para atender às crescentes expectativas dos clientes, mas também para lidar com as interrupções da cadeia de suprimentos criadas por incidentes globais, como desastres naturais, instabilidade geopolítica, crises sanitárias e escassez de matérias-primas. Os fabricantes devem enfrentar esses desafios e, ao mesmo tempo, atender aos preceitos de sustentabilidade -não apenas tornando suas operações mais verdes, mas também comprovando que o fizeram.

O conflito na Ucrânia exacerbou muitos dos desafios da cadeia de abastecimento que já existiam. Embora a Ucrânia e a Rússia sejam juntas responsáveis por apenas 2,2% do volume global de exportação, os fabricantes do mundo todo são altamente dependentes dos dois países para certas commodities essenciais. Exemplos incluem ferro ou aço não ligado, para os quais a Ucrânia e a Rússia juntas contabilizam 36% das exportações globais. Como resultado, muitos fabricantes foram forçados a encontrar fornecedores alternativos ou reduzir temporariamente a produção.

O caminho mais inteligente para uma manufatura mais inteligente

Diante das crescentes demandas dos clientes, das interrupções na cadeia de fornecimento e da necessidade de transição para fábricas inteligentes, os fabricantes devem se tornar resilientes ao digital para sobreviver e obter vantagem competitiva.

Os fabricantes também estão enfrentando custos mais altos de energia. Com a demanda global por petróleo e gás projetada a atingir seu nível mais alto desde 2019, os produtores estão tendo dificuldades para encontrar as equipes e os equipamentos necessários para atender a esse volume. Por essa razão, alguns analistas do setor preveem uma "lacuna de demanda" que continuará aumentando nos próximos anos. Se ainda considerarmos a escassez de semicondutores, fica claro que há vários desafios simultâneos que ameaçam a resiliência das cadeias globais de fornecimento. Os fabricantes devem agir agora para enfrentar esses desafios, ou arriscar a capacidade limitada, a interrupção dos principais fluxos de receita e níveis inadequados de experiência do cliente.

Novas tecnologias digitais como a internet das coisas industriais (IIoT), computação em nuvem e inteligência artificial e machine learning (AI/ML) podem desempenhar um papel fundamental para ajudar os fabricantes a impulsionar operações mais eficientes e resilientes. No entanto, essas tecnologias representam tanto uma oportunidade quanto um desafio: para aproveitar todo esse potencial, os fabricantes precisarão capturar, armazenar, processar e compartilhar grandes quantidades de dados em um ecossistema digital de parceiros e fornecedores. Ou seja, o futuro da manufatura será definido pelo big data, e um dos fatores-chave para determinar o sucesso da transformação digital será a capacidade de alavancar dados que se encontram em diferentes silos.

O Gartner prevê que metade das organizações globais de manufatura de bens pesados terão monetizado seus dados com sucesso até o final de 2024.

TI legada significa atrasos para os fabricantes

As arquiteturas tradicionais de TI são uma grande barreira que está no caminho de cadeias de suprimentos digitais mais resilientes. Essas arquiteturas são baseadas em um modelo centralizado, onde todo o tráfego passa por um único data center. Trafegar dados a longas distâncias leva a uma maior latência, tornando mais difícil aproveitar todo o potencial das soluções digitais mais recentes. Arquiteturas de TI centralizadas também resultam em silos de dados, criando desafios para a troca de dados entre parceiros da cadeia de suprimentos. Por sua vez, isso impede que os fabricantes tomem decisões informadas com base em insights em tempo real e colaborem com fornecedores para lidar com a interrupção.

As arquiteturas de TI centralizadas também carecem da escalabilidade e flexibilidade necessárias para acompanhar as tendências do mercado e a mudança da demanda dos clientes. Construir novos data centers privados é um empreendimento caro e demorado, assim como criar novas conexões físicas com parceiros e provedores de serviços. Além disso, redes corporativas legadas não escalam para adicionar capacidade facilmente, o que significa que picos inesperados na demanda da rede podem levar a paralisações. Esse aumento do tempo de inatividade causará perda de produtividade e impactará negativamente a experiência do cliente.

A TI legada pode ter servido bem aos fabricantes no passado, mas os desafios modernos exigem soluções modernas. Os líderes digitais de hoje estão substituindo data centers privados tradicionais por instalações de colocation neutras distribuídas em diversos locais no mundo todo, reduzindo a distância que os dados têm que percorrer. Isso ajuda a manter a latência menor, desbloqueando assim o valor total do negócio de IIoT, AI/ML e outras tecnologias modernas. A implantação de infraestrutura em locais de digital core –aqueles com as maiores concentrações de provedores de serviços de cloud e rede– aumenta consideravelmente a agilidade da infraestrutura, dando aos fabricantes uma vantagem competitiva em uma era em que se adaptar às mudanças rapidamente se tornou um imperativo para os negócios.

Outro aspecto fundamental de uma infraestrutura de TI moderna é ser capaz de mover dados para onde eles precisam ir em tempo real, com segurança e uma boa relação custo-benefício. Isso significa evitar a internet pública e optar por soluções diretas e privadas de interconexão. Ao compartilhar dados em seus ecossistemas de fornecedores e parceiros –incluindo dados de dispositivos IoT, de produção, de produtos, preditivos e outros– os fabricantes podem gerar melhor visibilidade e transparência em todo o seu negócio. Isso permite às organizações:

  • Obter melhor previsão e fornecimento de matérias-primas e reagir rapidamente para resolver interrupções no fornecimento
  • Monetizar dados e diversificar fluxos de receita, introduzindo novos modelos de negócios como serviço
  • Coletar e analisar dados de mercado, uso de produtos e tendências em tempo real para direcionar insights sobre a demanda do cliente
  • Desbloquear o poder das tecnologias de fabricação inteligentes através de latência extremamente baixa na borda
  • Habilitar um modelo de trabalho remoto para aproveitar um pool mais amplo de trabalhadores técnicos qualificados
  • Substituir data centers privados ineficientes e desatualizados por instalações de colocation com design verde, que incorporam as últimas inovações de sustentabilidade.

A Johnson & Johnson é um exemplo de um líder digital que está prosperando por meio da adoção de tecnologia de manufatura inteligente. A empresa usa IIoT para conectar suas máquinas e criar gêmeos digitais –representações digitais de seus ativos físicos. Essas simulações ajudam a empresa a monitorar o desempenho dos ativos e obter insights baseados em dados que podem reduzir o tempo de inatividade e os custos operacionais.

Multicloud híbrida permite maior flexibilidade e resiliência

Um aspecto fundamental da resiliência digital é ser capaz de aproveitar os serviços na cloud para obter o máximo desempenho e escalabilidade. As arquiteturas de TI baseadas em nuvem são inerentemente mais resistentes porque permitem que os fabricantes ampliem capacidades rapidamente para se adaptar a novas necessidades. No entanto, os fabricantes enfrentam desafios únicos que tornam uma abordagem totalmente nativa da nuvem impraticável. Eles muitas vezes têm que emparelhar as mais recentes capacidades digitais com equipamentos personalizados legados e sistemas que precisam ser executados em ambientes locais. Por esse motivo, adotar uma arquitetura multicloud híbrida pode ser particularmente útil para os fabricantes.

Substituir os data centers privados desatualizados por instalações neutras pode ser o primeiro passo para alavancar todo o potencial da multicloud híbrida para fabricação. A implantação em data centers de colocation em locais estratégicos pode ajudar os fabricantes a manter o controle sobre seus dados no local, ao mesmo tempo em que aproveitam a capacidade temporária da nuvem dos principais provedores de nuvem pública sob demanda.

As cadeias de suprimentos construídas sobre uma infraestrutura de TI fixa e frágil provavelmente quebrarão ao primeiro sinal de interrupção, enquanto uma infraestrutura digital resiliente e ágil ajuda os fabricantes a se adaptarem às novas condições de forma rápida e fácil. Não surpreende que aqueles que priorizam a transformação digital estejam prosperando nestes tempos turbulentos, enquanto outros estão sendo deixados para trás.

Sobre o autor: Theo van Andel é gerente sênior de Field Development da Equinix

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